Ao manter os juros em 15% ao ano na reunião desta quarta-feira, 17, o Copom (Comitê de Política Monetária) atualizou as projeções de inflação para este e para os próximos anos. Um dado chamou a atenção do mercado: a estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2027, que permaneceu inalterada em 3,4%, em comparação com as previsões divulgadas na reunião anterior, em 30 de julho.
A previsão de economistas e analistas era de que a desaceleração da atividade econômica e a redução — ainda que tímida— das projeções para inflação pudessem contribuir para diminuir a estimativa para o IPCA de 2027.
Na avaliação de um ex-diretor do Banco Central, o excesso de demanda na economia pode explicar a manutenção da projeção. Quando a atividade está aquecida, o país pode crescer acima do PIB (Produto Interno Bruto) potencial e isso pressiona a inflação. No jargão econômico significa dizer que o “hiato do produto” está em terreno positivo, o que parece ocorrer agora no país. Quando há ociosidade da economia, o hiato está negativo.
Com o desemprego na mínima histórica e aumentos reais do salário mínimo, diante da política de correção definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais dinheiro tem circulado na economia, o que pressiona os preços e dificulta o trabalho do BC de reduzir o ritmo de alta da inflação.