Eleitos Hugo Motta e Davi Alcolumbre às presidências de Câmara e Senado, o governo Lula deve intensificar nas próximas semanas as tratativas para uma reforma ministerial. Responsável pela articulação política com o Congresso, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, recebeu de Lula a missão de organizar uma agenda de conversas do presidente com líderes e dirigentes de partidos aliados e ministros. O diálogo tête-à-tête do presidente com parlamentares, tão comum em seus outros mandatos, tem faltado em Lula III.
Em entrevista ao PlatôBR no sábado, 1º, dia da eleição à cúpula do Congresso, Padilha desconversou sobre a reforma propriamente dita, mas disse que as tratativas envolvem os rumos do governo e a segunda metade do mandato do petista no Palácio do Planalto. “[Os diálogos serão para] conversar sobre governo, os próximos dois anos, avaliar o que está acontecendo. Se isso vai culminar ou não em mudança de ministros, é um processo desse diálogo que vai estabelecer”, disse Padilha.
Sobre a relação do Planalto com Motta e Alcolumbre, Alexandre Padilha ressaltou o perfil governista de um e de outro em seus votos no Congresso — ele lembrou que o novo presidente da Câmara acompanhou o governo em 91% das votações.
O tom contemporizador de Padilha na entrevista se estendeu às emendas parlamentares, bilionárias protagonistas de tensões entre Executivo, Legislativo e Judiciário. “Foi um passo importante do Congresso compreender que as emendas parlamentares são muito importantes, mas não podem crescer num volume maior que os outros investimentos importantes para o país”, afirmou.
Na pauta prioritária do governo na Câmara e no Senado sob Hugo Motta e Davi Alcolumbre, disse o ministro, estão projetos como a isenção de imposto de renda sobre salários de até R$ 5 mil, o Plano Nacional de Educação e o endurecimento de punições a crimes cometidos no meio digital. E sobre a anistia, uma das demandas dos bolsonaristas a Motta e Alcolumbre? Padilha não vê chances de o assunto prosperar.