Após o Mercado Livre negar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter planos de vender medicamentos, a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) enviou uma nova manifestação à autarquia. A entidade pediu que o Cade reavalie a compra da farmácia Cuidamos Farma, em São Paulo, pela empresa.
A Abrafarma afirmou que o Mercado Livre reconheceu, em manifestação no processo, haver venda irregular de medicamentos por terceiros em sua plataforma e que a empresa “insiste em afirmar que não atua no varejo farmacêutico, apesar de reconhecer que o marketplace é ilegalmente utilizado por terceiros para venda de medicamentos”.
A associação ainda disse ser “curioso” que a companhia consiga controlar “a venda de armas, de munição e de drogas ilícitas, mas não tenha qualquer controle sobre a venda de medicamentos”.
O caso está agora nas mãos do conselheiro Gustavo Augusto, que recebeu o processo na sexta-feira, 10. O Cade ainda não se manifestou sobre o novo pedido.
A Abrafarma vem acusando o Mercado Livre de omitir informações sobre a finalidade da compra da farmácia em São Paulo e sugere que a operação mascara o interesse de ingresso no varejo farmacêutico — setor regulado e restrito a farmácias licenciadas pela Anvisa.
O Mercado Livre, por sua vez, já havia negado intenção de vender medicamentos diretamente ou de atuar em telemedicina. De acordo com manifestações recentes, como mostrou a coluna, a companhia disse que pretende atuar majoritariamente conectando farmácias licenciadas a consumidores.
Procurada pela coluna, a companhia destacou que não há venda de medicamentos em sua plataforma e que as alegações da Abrafarma não correspondem à realidade. A empresa afirmou que não existe risco de “verticalização da saúde”, ou seja, de o marketplace passar a oferecer diretamente serviços de saúde.