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A nova Secom fica mais profissional

Secom agora tem ministro que sabe separar militância da atuação profissional

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O novo ministro da Comunicação de Lula, Sidônio Palmeira, escolheu o futebolês do petista para explicar a nova fase da Secom: “Estamos entrando no segundo tempo. E o segundo tempo é bem mais decisivo”, disse o publicitário aos jornalistas depois de sua posse ontem no Palácio do Planalto. Esse segundo tempo traz uma marca: sai o espírito de militância, capitaneado pelo ex-ministro Paulo Pimenta, e entra o jogo dos profissionais.

O discurso dos dois ministros, o velho e o novo, na cerimônia de posse do novo, mostra bem essa divisão. Pimenta destacou a relação próxima com Lula, sobretudo quando o petista enfrentava a prisão pela Lava Jato. Disse que sua equipe era formada por pessoas que acompanhavam Lula nesses momentos amargos. Impossível não associar o comentário ao ex-secretário de Imprensa, José Chrispiniano, que acompanhava Lula desde 2011 e foi demitido, e do próprio Pimenta, que fou um dos mais entusiasmados adeptos do “Lula livre".

Sidônio, nos primeiros momentos, tem repetido que gosta de conversar com jornalistas, o que, parece algo óbvio para alguém disposto a tocar a comunicação social do governo, mas não é algo trivial: Pimenta e Chrispiniano não gostavam de lidar com repórteres, principalmente quem fazia perguntas críticas. O novo ministro citou Mick Jagger para brincar com os repórteres: “Fale bem de mim na manchete e pode lascar o pau na matéria”.

Laércio Portela, o novo secretário de Imprensa, deve colocar Lula para dar mais entrevistas. No período em que substituiu Paulo Pimenta no ano passado, à frente da Secom quando o então ministro assumiu o ministério extraordinário para reconstrução do Rio Grande do Sul, Portela botou Lula para dar diversas entrevistas, e, coincidência ou não, a popularidade do presidente melhorou.

A propósito, Sidônio Palmeira saiu de uma enrascada ao decidir fazer uma nova licitação para a comunicação digital do Planalto. O ministro do TCU Aroldo Cedraz liberou na sexta-feira que a Secom retomasse a concorrência de R$ 200 milhões, que havia sido cancelada após denúncias de vazamento de informações sigilosas sobre os concorrentes. Mas o governo avaliou que o certame não atende mais às necessidades da comunicação. Se tivesse seguido com a licitação antiga, a nova Secom seria criticada.

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