Na política polarizada brasileira, paira sempre a ideia de que o polo que conquistar os eleitores moderados obterá sucesso na eleição. Projetando essa ideia para as lideranças que dizem representar essa parcela do eleitorado, a disputa entre o campo governista, mais à esquerda, e a oposição, mais a direita, pelas alianças com o Centrão fica mais acirrada à medida que a eleição se aproxima.

De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta conter o desembarque de ministros do PP e do União Brasil, partidos que se uniram em federação e, cuja cúpula, formada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e por Antônio Rueda (União Brasil), exige que seus filiados deixem a Esplanada. Do outro, bolsonaristas produziram um fato importante ao conseguir que a pauta da anistia ampla e irrestrita ganhasse apoio da federação e do Republicanos, partido de Tarcísio de Freitas (SP) e do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB).

Ocorridos na semana passada, esses dois movimentos indicam que as negociações para 2026 estão sendo feitas agora e que, a cada dia, os setores do Centrão que ainda não tomaram posição têm menos tempo para escolher um lado para a eleição do ano que vem. 

Lula faz pressão, por exemplo, sobre o ministro Celso Sabino (Turismo), ligado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), por saber que ele pretende associar sua campanha aos feitos do governo. O próprio Alcolumbre já apontou o caminho ao indicar que se candidatará à reeleição no Amapá pela via governista.

Os movimentos de Tarcísio de Freitas de estreitamento das relações com o bolsonarismo também são vistos pelo governo como uma oportunidade de diálogo político com lideranças mais moderadas. Aliados de Lula apostam na aproximação com políticos que consideraram excessivas as críticas do governador de São Paulo ao STF e, em particular, ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista.