O avanço do acordo Mercosul-União Europeia reacendeu um alerta na indústria brasileira. Para o setor, sem a plena implementação da reforma tributária, o pacto pode abrir o mercado interno a manufaturados europeus, agravando o processo de desindustrialização do país.
Segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os manufaturados caíram de 52% da pauta exportadora em 2000 para 26% em 2024. O déficit nesse segmento, conforme a associação, chegou a US$ 130,8 bilhões — o equivalente a 4 milhões de empregos industriais perdidos.
“O acordo abre mercado, mas se não tivermos custo competitivo, só vamos importar mais”, disse José Augusto de Castro, presidente da AEB.
Na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o diagnóstico é parecido, mas há otimismo com o impacto da reforma tributária. O diretor de Economia da entidade, Mário Sérgio Telles, diz que as novas regras devem reduzir o “custo Brasil”, estimado em R$ 1,7 trilhão, e corrigir distorções que retiram competitividade dos produtos nacionais.
Telles apontou que a devolução automática de créditos tributários, hoje represados em mais de R$ 120 bilhões nos estados, também é vista como alívio para o caixa das empresas.
O acordo com a União Europeia ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos nacionais. Até lá, a indústria tenta ganhar tempo.
“A reforma é o nosso dever de casa. Sem ela, não dá para competir nem com a Europa, nem com a China”, resumiu Telles.
