Enquanto o exército de parlamentares bolsonaristas tenta criar uma agenda no Congresso para salvaguardar Jair Bolsonaro e atormentar Alexandre de Moraes, pelos lados do governo Lula e da esquerda as articulações e movimentos se dão em apoio ao STF.
Nessa quarta, 23, logo pela manhã, os sete partidos mais alinhados a Lula divulgaram uma nota em defesa dos oito ministros do Supremo que foram alvos, na semana passada, de sanções de Donald Trump. O documento foi assinado pelos presidentes de PT, PSol, PSB, PDT, PCdoB, PV e Cidadania.
Os dirigentes partidários disseram no documento que receberam com “profunda indignação” a notícia das sanções aos ministros, que tiveram seus vistos suspensos por Donald Trump.
“Este gesto indevido, agressivo e sem precedentes nas relações bicentenárias de nossos países, torna-se ainda mais grave por sua manifesta motivação política, configurando uma ingerência espúria no processo democrático brasileiro e um ataque à soberania nacional”, disse o texto, que defende a legalidade da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado e a atuação dos ministros do STF.
À tarde, também nessa quarta, foi a vez de líderes das centrais sindicais divulgarem sua nota de apoio ao STF. O texto afirmou haver uma “conjuntura insana, marcada por crescente tensão política alimentada pela postura autoritária do presidente dos Estados Unidos, que tenta, de forma reiterada e desrespeitosa, intervir nos assuntos internos do Brasil”.
O grupo formado por seis centrais sindicais, entre as quais CUT e Força Sindical, prosseguiu dizendo que “Trump utiliza alegações absurdas, infundadas e desproporcionais para justificar ataques diretos à nossa soberania — e agora volta sua mira contra o Supremo Tribunal Federal”.
As cartas de apoio ao STF sugerem um movimento coordenado, que tenta dar suporte à Corte não só pelas ameaças e sanções de Donald Trump, mas também pelo movimento dos bolsonaristas dentro do país. Aliados de Jair Bolsonaro já anunciaram que a pauta pós-recesso no Congresso será o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. Ainda ontem, Flávio Bolsonaro, recém-chegado de férias interrompidas em Portugal, protocolou uma nova ação nesse sentido junto ao Senado.
As notas de partidos e centrais sindicais encontram ressonância também no movimento de organizações da sociedade civil. Nesta sexta-feira, no emblemático Largo de São Francisco, da Faculdade de Direito da USP, entidades em defesa da Justiça e dos direitos humanos vão ler uma carta de apoio à soberania nacional.