O governo brasileiro terá de se preparar para enfrentar os efeitos na economia do bombardeio de Israel contra o Irã na noite desta quinta-feira, 12. As primeiras consequências dos ataques foram sentidas na economia: no início da tarde desta sexta, o índice Ibovespa caía 0,67% e o dólar subia 0,42%. O prolongamento do conflito armado tende a provocar impactos nos juros futuros e na inflação. No mercado internacional, o petróleo encareceu em torno de 7%.

Para o governo Lula, os reflexos no Brasil da eventual escalada do conflito no Oriente Médio representarão mais problemas para o controle das contas públicas. Serão fatores agravantes das incertezas decorrentes da dificuldade do petista para aprovar no Congresso as propostas da equipe econômica para o equilíbrio fiscal.

Uma nota divulgada pelo Itamaraty condenou a ação de Israel e alertou para os riscos do ataque para a paz, a segurança e a economia mundial. O bombardeio foi classificado como “clara violação à soberania desse país e ao direito internacional”. A posição brasileira deve gerar críticas à política externa de Lula e aumentar os pontos de atrito com o governo de Donald Trump, aliado de Israel.

Câmara reage ao pacote de Haddad
A semana começou com um aparente acordo entre o governo e o Congresso em torno do pacote proposto pela equipe econômica para compensar o esvaziamento do decreto que aumentou o IOF. O entendimento para a aprovação das medidas foi anunciado na noite do domingo, 8, depois de uma reunião do ministro Fernando Haddad (Fazenda) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Ao longo da semana, porém, Motta subiu o tom contra o pacote e, nesta sexta, 13, os líderes dos partidos na Câmara decidiram colocar em votação na próxima segunda-feira, 16, um pedido de urgência para a tramitação de um projeto que susta os efeitos do decreto do governo que elevou as alíquotas do IOF.

Líderes do Centrão e de partidos da oposição também se posicionaram contra a medida provisória editada na quinta-feira, 12, que elevou impostos de vários setores para compensar a revogação de parte do decreto do IOF. A MP tributa, por exemplo, o fim da isenção de investimentos em LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), além do Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais).

No meio das discussões sobre a tramitação das propostas de Haddad, o Congresso voltou a pressionar pela liberação de emendas parlamentares. O governo justifica a demora com o atraso da aprovação do orçamento. As negociações continuam na semana que vem.

No STF, interrogatório de Bolsonaro e outros réus da tentativa de golpe
O STF realizou nesta semana os interrogatórios dos réus do núcleo principal da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado na última transição de governo. Entre os ouvidos, estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro, generais e outros integrantes de seu governo.

Em seus depoimentos, os réus procuraram descaracterizar a tentativa de golpe, mas confirmaram os fatos mais importantes investigados pela Polícia Federal. Eles adotaram um tom ameno diante das perguntas do ministro Alexandre de Moraes e, alguns, como Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira Oliveira, pediram desculpas por ataques ao Supremo e ao próprio Moraes. Não houve confrontos relevantes durante os interrogatórios. As respostas reforçaram a convicção dos ministros sobre a trama golpista.

Polícia Federal prendeu Gílson Machado e ouviu Mauro Cid por suspeita de tentativa de fuga
Brasília amanheceu agitada nesta sexta-feira, 13. A Polícia Federal prendeu nesta o ex-ministro do Turismo Gílson Machado, acusado de ter tentado, no consulado de Portugal em Recife, obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro. Machado nega a acusação.

Por causa da mesma investigação, Cid foi ouvido pela PF durante cerca de duas horas e meia. Como a família do militar saiu do Brasil recentemente, surgiu a desconfiança de que ele pensaria em fugir do Brasil. No final do interrogatório, Cid foi liberado sem que sua delação premiada tenha sido revogada.

Esse episódio meio rocambolesco ainda não foi totalmente esclarecido. Mas a hipótese de uma fuga de Cid conturbaria o processo da tentativa de golpe de Estado, o que poderia ajudar os réus, que devem ser condenados pelo Supremo no segundo semestre.

Carla Zambelli continua na Itália, foragida
Incluída na lista de procurados da Interpol, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) permaneceu na Itália durante a semana, segundo a embaixada brasileira no país europeu. Embora o local onde a parlamentar se encontra não tenha sido revelada, a expectativa da representação diplomática é que ela seja presa a qualquer momento.

Condenada a dez anos de prisão por invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Zambelli deve perder o mandato, segundo o julgamento do STF. Hugo Motta chegou a anunciar que a decisão do Supremo seria confirmada pela mesa diretora da Câmara, mas depois recuou e disse que a perda de mandato será levada a votação no plenário.