O cessar-fogo entre Israel e o Hamas provocou manifestações de alívio e esperança do presidente Lula e de congressistas no Brasil. Em Roma, onde participa do Fórum Mundial da Alimentação na Itália, Lula celebrou o avanço das negociações e defendeu que o momento sirva de impulso para a resolução de outros conflitos.

Lula participou da abertura do evento organizado pela FAO e voltou a criticar o uso da força como instrumento de poder. Segundo o presidente, o diálogo precisa prevalecer como ferramenta central da diplomacia.

“Eu estou feliz porque, antes tarde que nunca, finalmente parece que se encontrou uma saída para o conflito entre Israel e Palestina”, discursou o presidente. “Me parece que há muitas possibilidades de um acordo ser definitivo, e eu acho que isso é muito importante. Não se vai devolver a vida dos milhões que morreram, mas se devolve pelo menos o direito das pessoas a dormirem tranquilas, sem medo de uma bomba, sem medo de um prédio cair”, acrescentou.

No mesmo discurso, o presidente defendeu a paz também na guerra entre Rússia e Ucrânia. “Se o mundo foi capaz de resolver talvez a questão de Israel, eu penso que está na hora de a gente começar também a pensar em resolver o problema da guerra da Ucrânia e da Rússia”, afirmou. O petista tem reforçado esse discurso desde o início da guerra em Gaza, há dois anos, e tenta se posicionar como voz em defesa da paz no cenário internacional, mesmo após desgastes com Israel por declarações em que classificou a ofensiva militar de “genocídio”.

Em nota oficial, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que é judeu, saudou o início da implementação do acordo mediado pelos Estados Unidos e apoiado por países da região. Ele afirmou que a libertação de reféns israelenses, a soltura de prisioneiros palestinos e a retomada da ajuda humanitária em Gaza “representam um passo importante para pôr fim a um conflito que há décadas desafia a comunidade internacional”. Alcolumbre afirmou ainda que o diálogo e a diplomacia são “o único caminho possível para a paz duradoura” e fez votos de que a retomada das negociações “assegure a coexistência pacífica entre israelenses e palestinos”.

O papel de Trump
Filho de palestinos,  o senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou em conversa com o PlatôBR que o cessar-fogo é “um grande feito”, mas que a trégua precisa abrir espaço para a reconstrução de Gaza e o reconhecimento de um Estado palestino. “Trump conseguiu um grande feito. Só quem podia realmente dar uma ordem para o Netanyahu era o Trump, que é um sionista. Eu espero que agora a paz possa vingar lá, reconstruir Gaza”, disse. O senador ressaltou não apoiar atos terroristas e lamentou o impacto humano do conflito. “Nenhuma população merece sofrer o que eles estão sofrendo. A paz e a vida valem muito mais do que qualquer outra coisa”, acrescentou.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores, o deputado Filipe Barros (PL-PR) classificou o cessar-fogo como “uma conquista não só para o Oriente Médio, mas para toda a humanidade”. Em conversa com a reportagem do PlatôBR, o parlamentar destacou o papel de Donald Trump na mediação do acordo. “Se não houvesse essa gestão do presidente Trump, nós caminhávamos para a permanência dessa situação de guerra. É uma grande conquista para a humanidade”, afirmou.

Barros disse esperar que todas as partes cumpram os termos da trégua e comparou o momento aos Acordos de Abraão, mediados por Trump em 2020, que normalizaram as relações diplomáticas entre Israel com Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão. “A gente espera que, com a firmeza dos Estados Unidos e dos países envolvidos, esse acordo seja permanentemente cumprido.”