Estava tudo certo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciasse nesta terça-feira, 21, o nome do chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal),  mas a decisão foi adiada. Com isso, as apostas de que o presidente possa mudar de ideia cresceram, principalmente entre os que defendem o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado.

O motivo do adiamento é o temor do presidente de que o Senado, onde Pacheco tem mais influência, não aprove a escolha de Messias. Na noite de segunda-feira, 20, véspera da viagem para a Ásia, Lula se encontrou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que indicou resistência ao nome do AGU e também reafirmou sua preferência por Pacheco.

Nesta terça, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), confirmou o teor da conversa de Alcolumbre com Lula, mas disse que o presidente está “convicto” da escolha de Messias e minimizou o adiamento.

Interlocutores do governo dizem que o presidente quer conversar com Pacheco antes de tomar a decisão. Entre outros assuntos, quer acertar com o os próximos passos políticos em Minas Gerais. É exatamente a perspectiva desse encontro que anima os defensores do senador para o Supremo. Como o nome de Messias não foi confirmado, as portas ainda não estariam fechadas, acreditam.

Política mineira
Nos últimos meses, Lula se empenhou em convencer o Pacheco a se candidatar ao governo do estado em 2026, com apoio do PT. O senador, no entanto, não decidiu o que fará nas eleições do ano que vem. A disputa seria dura: o atual vice-governador, Mateus Simões, acaba de mudar de partido, do Novo para o PSD, mesma legenda de Pacheco, e deve assumir o governo do Estado em março, com a provável desincompatibilização do titular, Romeu Zema (Novo), que deve concorrer a algum cargo nas urnas.

Com esse movimento, Simões tira a legenda do senador e ainda será candidato no comando da máquina administrativa, fator que aumenta suas chances de vitória. Se quiser ser candidato a governador, Pacheco terá de mudar de partido.

Em favor de Messias para a vaga no STF pesa o fato de ser evangélico. Com sua indicação, Lula se aproximaria desse segmento religioso, majoritariamente favorável a Jair Bolsonaro nas duas últimas eleições.

A conversa entre Lula e Pacheco deve ser presencial, segundo interlocutores do governo, depois da viagem do presidente. Ainda não há data marcada para esse encontro.