No campo, a frase que circula entre lideranças do agro é simples e ácida: “sem seguro, não há futuro”. E ela resume o agitação no setor, que se intensificou com o bloqueio de 42% das verbas do Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural, feito pelo governo federal.

O pano de fundo é uma equação que Brasília não fecha: arrecadação em alta, gastos em expansão e cobertor curto para a política agrícola. Em junho, o governo federal contingenciou R$ 445,1 milhões dos R$ 1,06 bilhões do orçamento do seguro.

O setor agora articula junto ao Ministério da Agricultura e ao Banco Central a viabilidade de uma linha de ajuda a ser concedida pelo BNDES.

Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de São Paulo, diz que o programa, concebido como alívio para o produtor, se tornou inviável:

“Com juros de 8%, 10%, chegando a 15% dos gastos financeiros, o pequeno e médio não fecha a conta. Estamos sujeitos a muitas intempéries climáticas. Se não houver seguro, a confiança de investimentos cai e o juro sobe”

No país, apenas 7% das propriedades contam com seguro rural, a área segurada despencou 47% em três anos, ante a avanços de desafios climáticos. Nos Estados Unidos, são mais de 90%. Na União Europeia, a cobertura também é robusta, apoiada por políticas públicas que tratam a proteção agrícola como pilar da soberania alimentar.