Setores do agronegócio puxaram o freio nas conversas em torno das suas divergências para um novo formato à Moratória da Soja, acordo que proíbe a compra de grãos cultivados em áreas desmatadas da Amazônia após 2008.

De um lado, produtores do agro e lideranças da bancada ruralista avaliam que a moratória impõe regras mais duras que o Código Florestal sem respaldo legal e funciona como um cartel, limitando a concorrência e criando dependência das tradings signatárias.

Do outro, grandes tradings exportadoras e associações ligadas ao comércio exterior temem os efeitos de um rompimento da moratória. Elas sustentam que o mecanismo é um selo de credibilidade internacional. Sem ela, afirmam, o Brasil correria risco de boicotes em mercados exigentes, que exigem rastreabilidade e comprovação de “soja livre de desmatamento”.

A avaliação entre entidades de classe é que qualquer tentativa de composição depende agora de uma nova manifestação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Por ora, o agro assiste de longe, à espera de um sinal do conselho que indique se a moratória será reativada, redesenhada ou definitivamente enterrada.

No fim de setembro, o Cade decidiu que suspenderia os efeitos da moratória a partir de 2026. Desde a decisão, as tratativas esfriaram. Mesmo com rascunhos de propostas sobre a mesa, não houve avanço. Produtores e tradings seguem convencidos de que seus argumentos são corretos.

A expectativa é que o tribunal do Cade volte a se manifestar entre dezembro deste ano e janeiro de 2026.