O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda busca interlocutores para restabelecer pontes de diálogo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que criou uma crise com o governo desde a indicação do ministro Jorge Messias (Advogacia-Geral da União) para o STF. Apesar de todas as tentativas, as iniciativas do petista para se reaproximar de Alcolumbre, defensor do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga, ainda não surtiram efeito.
Do lado do presidente do Senado, ainda não há sinais de disposição para conversa. De acordo com um aliado de Alcolumbre, ele está “firme na posição de continuar a defender o nome de Pacheco como opção para o Senado” e não demonstra interesse em ceder às pressões do governo.
Lula procura intermediários porque não pode contar com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para fazer a ligação, pois Alcolumbre rompeu com ele depois do anúncio do nome de Messias. Um dos interlocutores acionados por Lula é o senador Weverton Rocha (PDT-MA), aliado de Alcolumbre e escolhido por ele para a relatoria da indicação de Messias. O presidente almoçou com o senador nesta segunda-feira, 1º, e pediu que ele sondasse Alcolumbre para uma conversa.
O almoço aconteceu depois do agravamento, no fim de semana, da crise entre Lula e o Senado. Weverton é aliado de Alcolumbre, mas já anunciou que fará um parecer favorável à nomeação do chefe da AGU para o STF.
O presidente do Senado foi às redes no domingo para dizer que não negocia cargos no governo ao trabalhar pela derrota de Messias. Ele também reclamou do Planalto por não enviar para o Senado a mensagem com a indicação, feita no dia 20 de novembro. Ao destacar Weverton para fazer a intermediação, Lula pretende medir a temperatura antes de buscar uma conversa direta com Alcolumbre.
Outro político com quem Lula conta no Senado na busca de diálogo é o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Otto Alencar (PSD-BA). Embora tenha concordado com o calendário imposto por Alcolumbre, que prevê a leitura do relatório sobre Messias na CCJ na próxima quarta-feira, 3, com sabatina no dia 10, Alencar afirma que não tem como iniciar a tramitação na comissão sem que o Planalto mande para o Senado a mensagem com a indicação de Messias.
Até o momento, o governo apenas anunciou o nome do chefe da AGU e publicou a indicação no DOU (Diário Oficial da União). Alcolumbre diverge de Alencar com a justificativa de que o fato de o governo ter publicado a indicação no Diário DOU serve de amparo legal para a apreciação pelo Senado.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), é outro nome com quem o Planalto conta para busar a aproximação com Alcolumbre. Randolfe é do mesmo estado do presidente do Senado e mantém boa relação com ele.
