O deputado federal Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro e aliado de Lula, apresentou nesta segunda-feira, 5, uma notícia-crime junto à Procuradoria-Geral da República contra o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), por declarações feitas durante um evento público no município de América Dourada (BA).

No evento, o governador afirmou que “ele [Bolsonaro] vai pagar essa conta dele e quem votou nele também devia pagar a conta”, complementando: “fazendo pacote. Bota uma enchedeira e leva tudo pra vala”.

Disse o governador:

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala”.

Otoni de Paula, que apoiou Bolsonaro durante o governo e desde 2023 se aproximou do Palácio do Planalto, acusa o governador petista de incitação à violência política e de atentar contra a dignidade de milhões de brasileiros, ao proferir falas ofensivas a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A notícia-crime sustenta que o governador ultrapassou os limites da liberdade de expressão e violou dispositivos do Código Penal, da Constituição e da Lei de Improbidade Administrativa. Otoni requer que a Procuradoria-Geral da República instaure procedimento investigatório e represente junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), foro competente para processar governadores.

“Quem me conhece sabe, eu sou uma pessoa religiosa, sou uma pessoa de família, não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. [A fala] foi descontextualizada”, disse nesta segunda-feira. “Eu apresentei anteriormente a minha inconformação, a minha indignação como o país estava sendo tratado”, afirmou na sequência o governador antes de uma visita a obras da reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador.

Jerônimo também pediu desculpas pela forma como se referiu ao eleitorado de Bolsonaro.

“Se o termo vala e o termo trator foi pejorativo ou foi muito forte, eu peço desculpa. Não foi a minha intenção, eu não tenho problema algum de poder registrar quando há excessos na palavra, movido pela indignação”.