Aliados de Tarcísio de Freitas entendem que, ao bater o pé e exigir protagonismo na interlocução com os Estados Unidos na crise do tarifaço, Eduardo Bolsonaro ajuda o governador ao remover do caminho dele uma casca de banana na qual já havia escorregado: a de se colocar abertamente na posição de mediador.
Em entrevista à repórter Julia Chaib, Eduardo classificou como “desrespeito” a ele, autoexilado nos EUA, a tentativa de Tarcísio de atuar como negociador. Antes das declarações do deputado licenciado, o entorno do governador já avaliava que ele errou inicialmente ao não guardar uma distância segura da crise.
Depois de conversas com ministros do STF e o próprio Bolsonaro nos últimos dias, Tarcísio de Freitas se viu emparedado por críticas e cobranças do bolsonarismo, do governo Lula e dos empresários paulistas. Desde então, vem modulando o discurso, removendo a camada política de suas falas e focando na economia. Com as reclamações de Eduardo, em termos duros com Tarcísio, entende-se que ficou mais fácil para o governador se afastar do epicentro da crise.
Aliados de Tarcísio de Freitas observam que o protagonismo de Eduardo, sem maiores preocupações quanto a desdobramentos econômicos do tarifaço, também amplia a oportunidade de mostrar independência em relação ao ex-presidente com uma alegação legítima: a preservação da economia do estado e os interesses dos empresários.
O entendimento é que se consolidará na opinião pública a visão de que os termos colocados à mesa por Trump e os Bolsonaro são produto do bolsonarismo mais estridente — do qual os aliados moderados de Tarcísio querem que ele se distancie em meio à crise.