Menos de um mês depois do encontro com Lula na Malásia, Donald Trump anunciou nesta quinta-feira, 20, a retirada da sobretaxa de 40% aplicada a uma lista de produtos brasileiros, como carne, café e açaí. Outros setores, como máquinas e calçados, permanecem penalizados pelo tarifaço imposto pelo governo americano desde o final de julho.

A medida tomada por Trump representa um passo significativo rumo à normalização das relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Permanecem em vigor as sobretaxas impostas a produtos que ficaram fora da lista e as sanções contra autoridades brasileiras.

Na decisão, o presidente americano cita a conversa telefônica que teve com Lula no dia 6 de outubro como referência para o início das negociações. A revogação das tarifas também atende a um apelo do mercado interno dos EUA, devido à pressão inflacionária provocada pelos 40% de sobretaxa.

Para a economia brasileira, o anúncio de Trump beneficia o setor produtivo com a retomada do comércio bilateral. Na diplomacia, o desenrolar da crise com os Estados Unidos demonstrou o acerto da opção pelo caminho da negociação.

No cenário político, o fim das tarifas representou uma derrota para a família Bolsonaro, que apostou nas sanções contra o Brasil para tentar reverter a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. A partir da próxima semana, com o fim do processo no STF, Jair Bolsonaro pode ser transferido da prisão domiciliar para o presídio da Papuda.

Antes de viajar para a reunião do G20 na África do Sul, Lula comemorou na noite de quinta-feira, 20, a revisão das sobretaxas e agradeceu “parcialmente” a Trump. E vídeo gravado ao lado do vice Geraldo Alckmin e ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), ele disse que espera a visita do presidente dos EUA ao Brasil, e que gostaria de ser convidado para uma reunião com ele em Washington.

Alcolumbre reage contra a indicação de Messias para o STF
Lula anunciou na quinta-feira, 20, a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso. O chefe da AGU era o favorito da lista de pretendentes ao cargo desde a confirmação da saída do ministro, no final de setembro.

A escolha de Lula desagradou ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que trabalhou pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Nos bastidores, Alcolumbre deu sinais de que se oporá à aprovação do nome de Messias, que precisa passar por sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e ser aprovado pelo plenário do Senado para ter confirmada a nomeação para o STF.

O governo teme que a insatisfação de Alcolumbre contamine o ambiente político no Congresso neste final de ano. Além da aprovação da indicação de Messias, o Planalto tem pautas importantes da área econômica em tramitação na Câmara e no Senado, necessárias para fechar as contas, como aumento das alíquotas para bets e fintechs e corte de benefícios fiscais.

Também causa preocupação no governo a tramitação no Senado do projeto de lei sobre o combate ao crime organizado.

Câmara aprova relatório de Derrite sobre o PL Antifacção
Na noite de terça-feira, 18, o plenário da Câmara aprovou, por 370 votos a 110, a sexta versão do relatório do deputado Guilherme Derrite sobre o PL Antifacção, proposta original do governo para o combate ao crime organizado. Por causa das modificações feitas por Derrite, Planalto trabalhou contra o texto votado pelos deputados.

A tramitação do PL Antifacção provocou atritos entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o Planalto. Responsável pela indicação de Derrite, aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Motta contrariou o governo pela escolha do relator, que atuou para descaracterizar o projeto encaminhado ao Congresso pelo Ministério da Justiça.

O Planalto trabalha para reverter no Senado algumas mudanças feitas por Derrite, principalmente as que reduzem os recursos da Polícia Federal e que tratam do confisco dos bens dos criminosos. Com a reação negativa de Alcolumbre em relação a Messias, ficará mais difícil para os governistas interferir na tramitação e no conteúdo do projeto.

Pegou fogo na COP30
No penúltimo dia da conferência do clima em Belém, um incêndio no Pavilhão dos Países interrompeu os trabalhos de negociação dos acordos que devem ser retomados nesta sexta-feira, 21. O incidente causou impacto negativo no evento, tanto do ponto de vista da imagem do Brasil quanto do avanço dos entendimentos relativos a medidas necessárias para a contenção do aquecimento global.

Na manhã desta sexta, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, disse que existe a possibilidade de que os trabalhos sejam prorrogados por causa do incêndio.

Banco Central decretou a liquidação do Banco Master
O BC decretou na terça-feira, 18, a liquidação extrajudicial do Banco Master, por realizar operações que colocam em risco o sistema financeiro. Em setembro, o Banco Central havia rejeitado a compra do Master pelo BRB, do governo do Distrito Federal. A diretoria do BRB foi destiuída.

No mesmo dia da liquidação, a Polícia Federal prendeu o dono do Master, Daniel Vorcaro. A operação teve grande repercussão no meio político pelas ligações que Vorcaro manteve, especialmente, com líderes do Centrão.