Semanas antes das denúncias por ter contrato com uma empresa que mantinha funcionários em situação análoga à escravidão, a BYD foi habilitada pelo governo federal para receber incentivos fiscais no Nordeste. A medida foi publicada numa edição extra do Diário Oficial da União no último dia 2.

Cerca de 163 trabalhadores chineses foram resgatados de trabalho análogo à escravidão na obra de construção da fábrica da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador.

Os trabalhadores eram contratados pela a construtora terceirizada Jinjang Construction Brazil Ltda.

Três semanas antes, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) permitiu que a BYD herdasse os benefícios fiscais da Ford. A chinesa comprou, no fim de 2023, a planta de Camaçari, que pertencia à montadora americana.

Publicação da habilitação da BYD para incentivos fiscais no Nordeste

Foi nessa mesma fábrica comprada da Ford que os funcionários foram encontrados em situação análoga à escravidão.

A fiscalização resultou em embargos e interdições, já que os espaços apresentavam situações degradantes para os trabalhadores, como refeitórios sem condições mínimas de higiene, banheiros químicos insuficientes e em estado deplorável, exposição à radiação solar sem proteção, além do registro de acidentes recorrentes devido às condições de alojamento e jornadas exaustivas.

A BYD informou que após a notificação do Ministério do Trabalho e Emprego decidiu encerrar o contrato com a empreiteira, mas a empresa adotou comportamento dúbio.

“Serem injustamente rotulados como 'escravizados' fez com que nossos funcionários se sentissem com sua dignidade insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês”, disse uma nota emitida pela Jinjang Construction Brazil Ltda e compartilhada por um gerente da BYD nesta sexta-feira (27/12).