Depois do tarifaço de 50% sobre importações brasileiras nos Estados Unidos, a investigação comercial do governo americano que inclui Pix e outras práticas brasileiras, em pontos como comércio eletrônico, tecnologia, tarifas de importação e desmatamento, escancarou que o que moveu, move e moverá Donald Trump são os interesses econômicos e políticos do seu país, o seu “America first”. Não é Jair Bolsonaro.

Bolsonaro e a “caça às bruxas” contra ele denunciada por Trump, fica cada vez mais claro, foram usados como porta de entrada, um pretexto do republicano para atingir o Brasil. Uma das explicações mais lógicas para os olhos da Casa Branca se voltarem a Brasília é o momento de intensificação de relações do governo Lula com os Brics.

Se Trump se importasse tanto assim com Jair Bolsonaro, afinal, teria mais cuidado ao mirar até o Pix, volta e meia evocado por Bolsonaro e seus apoiadores como uma das realizações de seu governo. A tecnologia de pagamentos, na verdade, foi uma inovação do Banco Central.

Capitaneado por Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos EUA, o bolsonarismo mais estridente candidamente abriu mão do seu “Brasil acima de tudo” para embarcar na onda de Trump no tarifaço. Foi para um impopularíssimo tudo ou nada. O grupo do ex-presidente ignora os brutais efeitos econômicos da chantagem feita em nome de Bolsonaro. Eduardo tem feito isso abertamente em entrevistas nos últimos dias.

Esses efeitos econômicos, com prejuízos a empresários e perda de empregos, serão um imenso passivo eleitoral em 2026 ao bolsonarismo, seja qual for o seu candidato, e já ajudaram Lula a recuperar algum viço e norte ao seu apagado governo.