Líderes de partidos do Centrão que conversaram com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta segunda-feira, 24, concluíram que são remotas as chances de votação, ainda em 2025, do projeto de anistia, ou mesmo de redução das penas, dos condenados pela tentativa de golpe de Estado na última transição presidencial. Tanto a versão do perdão “amplo e irrestrito” quanto a proposta de dosimetria das sentenças terão dificuldades para avançar no Congresso.
Os contatos com Motta foram feitos assim que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), nesta segunda-feira, 24, disse que a anistia é o “único caminho” do PL a partir da agora. A declaração foi dada ao lado de dirigentes do partido, depois de reunião de emergência convocada para discutir a prisão de Jair Bolsonaro no sábado, 22.
A alguns deputados, o presidente da Câmara disse que não acha prudente pautar a anistia neste momento. Segundo um dos interlocutores, o entendimento de Motta e de alguns líderes do Centrão é que o tema só serviria para recrudescer a polarização entre partidos de direita e de esquerda, piorar a relação entre a Câmara e o governo, que não está em um bom momento, e insuflar o embate com o Judiciário.
Na reunião o PL, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que o único objetivo da oposição é aprovar uma anistia aos golpistas envolvidos no 8 de Janeiro de 2023 e beneficiar o ex-presidente. Flávio descartou apoio do PL à dosimetria, mas disse que estrategicamente o PL trabalhará para aprovar a proposta do relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP). O partido poderia, no plenário, apresentar um destaque em separado para conseguir aprovar a anistia de uma forma que beneficie o ex-presidente.
Triunvirato
Após a reunião, os parlamentares do PL evitaram falar sobre eleições. Com a prisão no fim de semana, houve uma interrupção nas articulações que estavam sendo conduzidas pelo ex-presidente para a chapa presidencial e para os palanques nos estados. Três nomes devem centralizar montagem das chapas a partir da agora: o próprio Flavio, o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, e o líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Neste ano, o PL elegeu como prioridade ampliar a bancada no Senado e manter a da Câmara, mas sem deixar de conduzir a escolha do candidato da direita para presidente.
Contrariando fontes do partido, que já admitem sob reserva que Bolsonaro não poderá conduzir o processo eleitoral, o senador procurou negar que seu pai esteja fora das negociações. Mas não previu quando o ex-presidente anunciará o nome que apoiará para o Planalto. “Não tem limite de tempo e só vai acontecer quando sair da boca do presidente Bolsonaro. Não adianta querer antecipar uma coisa, ainda mais nesse momento em que eu acho que não tem que se decidir nada porque temos que estar focados na anistia”, disse Flávio.
“O nosso problema é maravilhoso. Temos vários candidatos que são competitivos para, caso não possa o presidente Bolsonaro, assumir essa missão, depois de ouvirmos da boca do presidente Bolsonaro, no momento em que ele entender melhor. Aí eu não tenho dúvida que a gente vai para uma eleição melhor em 2026”, disse o senador. Ele negou intenção de se candidatar a presidente. “Meu nome não está na mesa. Eu pretendo ser candidato ao Senado pelo Rio de janeiro. Nunca escondi isso de ninguém”, disse,
