Entre os dias 3 e 8 de julho, o debate digital sobre temas tributários registrou queda expressiva tanto no volume de menções quanto no engajamento. Dados da consultoria Bites, levantados a pedido do PlatôBR, mostram que, após o crescimento constante a partir do fim de junho, o assunto perdeu tração justamente no auge da crise entre o Palácio do Planalto e o comando da Câmara.
No dia 3, foram registradas 677 mil postagens sobre o tema. O número caiu para cerca de 316 mil no dia 8, uma redução de mais de 50%. O engajamento também despencou no período: de 5,4 milhões para pouco mais de 2,1 milhões de interações.
A freada coincide com a entrada em cena de lideranças políticas que buscaram esfriar os ânimos depois de ataques virtuais ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara. A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e o líder do governo na casa, José Guimarães (PT-CE), publicaram mensagens públicas de apoio a Motta, reprovando ataques pessoais e tentando centrar o debate na agenda da justiça tributária.
A articulação também envolveu o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que pediu cautela às partes, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator dos recursos sobre a proposta do IOF que chegaram à corte. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, também entrou no circuito, sinalizando que, diante do impasse, caberia ao Poder Judiciário uma solução institucional.
A combinação dessas movimentações parece ter surtido efeito momentâneo. A curva dos gráficos da Bites aponta uma desaceleração nítida no debate digital, tanto em menções quanto em engajamento, entre os dias 3 e 8 de julho — antes do novo pico causado pelo tarifaço de Donald Trump no dia 9.
Depois de o tarifaço de Trump dominar a pauta, o tema voltou a ganhar força, mas a trégua parcial dos dias anteriores indica que, mesmo em tempos de redes inflamadas, as pontes do mundo da política ainda têm algum poder de contenção.