Mesmo após as mudanças feitas no Senado e a aprovação unânime do texto, o governo ainda vê com preocupação o retorno do PL Antifacção à Câmara. O receio, segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), é de que o projeto volte a ser alterado pelo relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), responsável por um parecer anterior que não agradou ao Planalto.

Por consenso entre os líderes em reunião do colegiado nesta segunda-feira, 15,  a votação do projeto — assim como da PEC da Segurança Pública — ficou para o ano que vem.

O temor do governo tem como pano de fundo o histórico da tramitação na Câmara. O texto aprovado pelos deputados sob a relatoria de Derrite foi considerado por governistas como uma desconfiguração da proposta original do Executivo, o que levou o Planalto a trabalhar por mudanças no Senado. Relator do projeto na CCJ do Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE) apresentou um substitutivo que reduziu resistências e acabou aprovado por unanimidade no plenário.

Em conversa com a reportagem, Lindbergh afirmou que a principal apreensão agora é que Derrite não mantenha o texto negociado no Senado. “Eu acho que eles vão tentar mexer no relatório do senador Alessandro Vieira e isso é um equívoco, uma preocupação”, disse. 

Para o líder do PT, o trabalho feito no Senado criou um ambiente de consenso que pode se perder com novas alterações na Câmara. “O trabalho do senador foi muito elogiado. A votação foi unânime, então, a gente vai defender o relatório do senador”, afirmou.

Lindbergh avalia que o adiamento da análise na Câmara é estratégico justamente para permitir essa disputa em torno do texto. O governo pretende usar esse tempo para se fortalecer e evitar mudanças no projeto aprovado pelos senadores.