O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha levou a sério o pedido público de Lula e tem articulado sua candidatura a deputado federal em 2026. Cunha foi condenado a seis anos de prisão no caso do mensalão. Em julho, em um evento público em Osasco, na Grande São Paulo, sua base eleitoral, o presidente o estimulou a voltar à política. Disse Lula:
“João Paulo, você trata de voltar para a política, para de ganhar dinheiro como advogado em Brasília, pô. Para de querer ganhar dinheiro em Brasília, vem para porta de fábrica fazer comício”.
O afago público deu o gás para que João Paulo Cunha pusesse a candidatura em marcha. Vivendo entre São Paulo e Brasília, onde atua como advogado, ele tem articulado com líderes de sua região para retomar o prestígio. Cunha foi o deputado mais votado do PT nas eleições de 2006 e 2010. Renunciou ao mandato em fevereiro de 2014, já preso para cumprir mais de seis anos de pena pelo mensalão.
Ele ficou inelegível por oito anos, prazo que venceu em 2022. Na época, não quis disputar a eleição daquele ano porque avaliou que o caso ainda estava recente e faltava tempo para movimentar sua base eleitoral.
Para 2026, deve fazer dobradinha com o deputado estadual Emídio de Souza, também de Osasco. Havia a possibilidade de Emídio, próximo de Lula e Janja, concorrer à Câmara. Interlocutores de João Paulo Cunha afirmam, no entanto, que ele não disputaria com Emídio e só decidiu ser candidato porque o aliado quer seguir na Assembleia Legislativa.
João Paulo Cunha foi condenado pelo STF a seis anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por receber R$ 50 mil, em 2003, para favorecer a agência do publicitário Marcos Valério, operador do mensalão. À época, ele era presidente da Câmara. Depois, o STF o inocentou da condenação por lavagem de dinheiro.
Em 2015, depois de sair da Papuda, onde ficou preso por um ano e dividiu cela com José Dirceu, o ex-deputado concluiu o curso de Direito. Ele atua em Brasília, ainda como uma figura de influência, com contratos polpudos.
A coluna revelou, na quarta-feira, que outro petista envolvido em escândalo — desta vez a Lava Jato — quer retornar à Câmara: André Vargas, do Paraná.