O anúncio da Petrobras de reduzir em mais de 60% sua projeção de geração de energia renovável para o período entre 2026 e 2030 ampliou o alerta que já vinha se formando entre geradoras e investidores.
A revisão foi motivada pelos chamados curtailments, ou seja, cortes obrigatórios na produção de usinas eólicas e solares quando a rede não tem capacidade para escoar toda a energia gerada. A decisão da estatal foi lida como sinal de que o problema deixou de ser pontual e passou a influenciar decisões estratégicas de médio prazo no setor.
Executivos da área dizem que os cortes ainda são difíceis de medir com precisão, mas já provocam prejuízos relevantes e frequentes. A falta de clareza sobre quanto da energia gerada chega, de fato, ao sistema tem travado novos projetos. Isso porque, sem previsibilidade financeira, empresas evitam assumir compromissos de expansão.
Diante desse cenário, investidores têm adiado decisões até que o arcabouço regulatório ofereça algum grau de segurança sobre o tamanho das perdas e sobre como elas serão compensadas.
Para empresários que acompanham o tema, o problema não se resume à oferta elevada e inclui falta de infraestrutura, com linhas de transmissão atrasadas, subestações saturadas e equipamentos que não suportam a carga. Em vários casos, usinas prontas para gerar mais energia são obrigadas a reduzir a produção porque a rede não comporta o volume.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) diz que o veto ao dispositivo que trataria do ressarcimento dos cortes aumentou a insegurança regulatória. Segundo a entidade, os custos dos curtailments estão recaindo sobre os geradores, embora a origem do problema seja estrutural.
