O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acompanhou em São Paulo, pelas redes sociais e em contatos com políticos, as manifestações ocorridas neste domingo, 21, em algumas capitais do país contra a anistia aos condenados pela trama golpista e contra a “PEC da blindagem“. Ele foi um dos principais alvos dos atos e, nesta segunda, participa do Macro Day, organizado pelo BTG Pactual na capital paulista, um dos maiores eventos do mercado financeiro brasileiro.
No discurso, Motta deve se posicionar sobre as pautas “positivas” que pretende priorizar nas próximas semanas e sobre as manifestações. Estarão presentes o ex-presidente Michel Temer (MDB-SP), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Silvio Costa (Portos e Aeroportos) e Renan Filho (Transportes) e o deputado Arthur Lira (MDB-AL), ex-presidente da Câmara. Também haverá palestras de líderes do mercado financeiro como André Esteves, sócio do BTG Pactual, André Jakurski, sócio-fundador da JGP, Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe do BTG Pactual. Alvo de vaias, xingamentos e cartazes que o chamaram de “inimigo do povo”, Motta tem sua participação esperada para o final da manhã.
Ao levar para o plenário a PEC da Blindagem, aprovada na semana passada, e a urgência da anistia, o presidente da Câmara não imaginava que a reação das ruas seria tão forte, inclusive em João Pessoa, capital de seu estado, onde manifestantes se posicionaram contrariamente à sua eleição para mais um mandato de deputado em 2026. Ele pretende tratar o assunto como uma pauta da Câmara, e não dele. Como argumento, Motta aponta o resultado das votações da proposta: o texto foi aprovado em dois turnos, por 353 a 134 votos no primeiro e 344 a 133 no segundo.
O presidente da Câmara também tinha esperanças de que, diante de uma votação tão expressiva, o Senado não resistiria em dar celeridade à proposta. Mas o ambiente mudou e a perspectiva agora que é que a “PEC blindagem” seja votada nesta semana, na CCJ do Senado, mas com parecer contrário a ser apresentado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE). A tendência é que a PEC seja enterrada na comissão.
Quanto à anistia, o presidente da Câmara também deve se defender indicando sua posição de não aceitar a proposta em sua versão “ampla, geral e irrestrita”, como a exigida pela oposição. Nesse caso, ele defende a revisão das penas aplicadas, tese que ele pediu para ser escrita no relatório a ser apresentado pelo deputado Paulinho da Força (SD-SP) e que foi renomeada de projeto da “dosimetria“.
Motta tem alegado aos parlamentares que a entrega das duas pautas exigidas pelos bolsonaristas e pelo Centrão teve a função de “limpar” a agenda para que os deputados se concentrem nos assuntos de interesse popular.
“Interesse do Brasil”
Ao longo do domingo de protestos que chamaram o Congresso de “inimigo do povo”, muito em função de pauta da Câmara, Motta tentou passar a imagem de tranquilidade diante dos políticos que com quem conversou por telefone. A interlocutores, ele também indicou a intenção de voltar o olhar da Câmara para o que tem chamado de “matérias que interessam ao Brasil”.
Nesta terça-feira, 23, ele defenderá junto aos líderes que seja levado ao plenário o projeto que isenta do pagamento de Imposto de Renda pessoas que recebem até R$ 5 mil. A proposta está sob a relatoria do deputado Arthur Lira (PP-AL), a quem Motta pediu que acelerasse os procedimentos para votação da matéria nesta semana.