Perto de completar 68 anos, o ministro Luís Roberto Barroso há algum tempo fala da intenção de antecipar a saída do STF. Ele entregou nesta semana o posto de presidente da corte a Edson Fachin e, em entrevistas, declarou estar à procura de um “novo espaço”. No final do mês, embarca para uma viagem de uma semana para um retiro espiritual em uma comunidade budista fora do Brasil.

Depois de mais de doze anos sob o manto preto da toga, Barroso fica no cargo de ministro pelo menos até janeiro, conforme avisou a membros de sua equipe de gabinete. No início de 2026, anuncia o que vai fazer.

A possível aposentadoria antecipada, mesmo sem confirmação, impulsionou nas últimas semanas a corrida dos possíveis substitutos. Os interessados são: o ministro da AGU, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), possível candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, o desembargador do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) Rogério Favreto, e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas. Os quatro foram cotados em 2023 para a vaga da ministra Rosa Weber, preenchida por Flávio Dino – que era o ministro da Justiça e Segurança Pública. O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius de Carvalho, também entrou na roda de especulações.

Se confirmada a saída de Barroso, o substituto será o terceiro ministro do Supremo escolhido por Lula em seu mandato atual. O primeiro foi seu ex-advogado Cristiano Zanin, em 2023, na vaga de Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça. No mesmo ano, o presidente indicou Dino.

Nas últimas semanas, Barroso não escondeu nem desconversou sobre os planos de entregar a toga. Mostrou-se animado com a vida fora do tribunal. Por regra, os ministros têm que deixar o cargo ao completar 75 anos de idade. O que dá a ele, caso queira, mais oito anos na corte máxima do Judiciário brasileiro.

Em maio, o Palácio do Planalto sentiu os sinais da saída de Barroso e considerou a hipótese de lhe oferecer uma embaixada, como registrou o PlatoBR. Nas últimas entrevistas, ele negou ter interesse em uma representação no exterior. 

Meditação
Indicado ao cargo em 2013 pela então presidente, Dilma Rousseff, Barroso fez planos para deixar o Supremo antes do tensionamento entre os três poderes no governo de Jair Bolsonaro e no processo sobre tentativa de golpe de Estado. Sua mulher, Tereza Cristina Van Brussel Barroso, faleceu em 2023 e, durante o tratamento, o ministro pensou em sair do STF.

O retiro espiritual será importante para a reflexão do ministro. Há anos a meditação faz parte do seu dia-a-dia. Nas entrevistas recentes, ele falou sobre o futuro na corte e a vontade de seguir novos rumos. “Estou ainda verdadeiramente pensando no que fazer. Às vezes penso que ainda poderia fazer mais coisas”, disse à Folha de S. Paulo. Na mesma entrevista, Barroso contou ter informado Lula da intenção de sair do Supremo.

Nos últimos meses, ele tem exposto o incômodo crescente com as sanções aplicadas pelo governo de Donald Trump a ele e aos filhos. Pessoas próximas acreditam que, se ele sair do Supremo, deve voltar para o escritório de advocacia e para a vida acadêmica. Em novo relacionamento, o ministro confidenciou aos mais próximos ponderar sobre o peso do cargo nos últimos anos. Ele assumiu a presidência do tribunal em 2023, ano do 8 de Janeiro.