O PP de Ciro Nogueira arrendou em 2024 um avião para os deslocamentos de políticos do partido. O bimotor Baron G58, matrícula PR-AFG, pertence à Cavok Participações, do empresário Carlos Alberto Santana, e foi arrendado em contrato que previa o pagamento de R$ 1,8 mil por hora de voo.

O documento diz que o avião seria usado para transportar “pessoas relacionadas ao Progressistas, comissão executiva, membros do diretório nacional, assessores, parlamentares de qualquer partido, jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, com o objetivo de propiciar as atividades político-partidárias”.

Segundo a prestação de contas do PP ao TSE, o partido gastou ao todo pouco mais de R$ 415 mil com arrendamento e despesas gerais do avião entre abril e novembro do ano passado.

O valor exato foi de R$ 416,8 mil. O montante inclui R$ 190,8 mil por aproximadamente 106 horas de voo; R$ 131,4 mil em combustíveis; R$ 56,2 mil em manutenção; R$ 16 mil em despesas com seguros; R$ 13,5 mil gastos em um hangar em Teresina, base eleitoral de Ciro Nogueira; e R$ 8,9 mil em tarifas de Infraero, Aeronáutica e serviços aeroportuários.

Parte das despesas do PP com o avião (foto abaixo) foi gasta em duas empresas que têm como sócio o deputado Júlio Cesar Lima, do PSD do Piauí.

A Canaã Combustíveis recebeu R$ 106,6 mil com abastecimentos do bimotor, enquanto o Aeródromo Canaã cobrou R$ 13,5 mil por serviços de hangar. Lima faz parte do grupo político do governador piauiense, Rafael Fonteles, do PT, adversário de Ciro Nogueira. O deputado deve concorrer contra Ciro na disputa pelo Senado no estado em 2026. 

O contrato de arrendamento do avião foi assinado por Ciro em 22 de abril de 2024 e previa inicialmente uma duração de um ano. Segundo os itinerários informados no controle de horas voadas, o avião passou por municípios de Piauí, Maranhão, Pará, Minas Gerais e São Paulo.

Além do próprio Ciro e assessores, aparecem como passageiros dos voos aliados dele no PP do Piauí como os deputados federais Júlio Arcoverde e Átila Lira e a ex-deputada Iracema Portella, ex-mulher do presidente do PP.

Atualmente, o avião operado pelo PP aparece junto ao sistema da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) como inabilitado para táxi aéreo, em razão de estar desde o último dia 5 de junho com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido.

A predileção de Ciro Nogueira pelo uso de aviões, a propósito, não é nova. Na eleição de 2018, a última que disputou, o senador declarou ser ele próprio dono de um Beech Aircraft B200, bimotor avaliado em R$ 2,8 milhões.