As atenções de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, 9, ficaram voltadas para o segundo dia do julgamento de Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado. A avaliação é de que a eventual condenação do ex-presidente traga duas consequências imediatas.
O primeiro efeito seriam novas retaliações do governo dos Estados Unidos a ministros da Suprema Corte e sanções econômicas ao Brasil. As sinalizações nesse sentido foram verbalizadas pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, nesta terça.
Segundo ela, o presidente Donald Trump estaria disposto a usar o poderio americano proteger a liberdade de expressão, em referência a uma eventual condenação de Bolsonaro. “O presidente [dos EUA, Donald Trump] não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, disse. Como mostrou o PlatôBR, o mercado já espera novas sanções ao país.
A embaixada americana no Brasil também se manifestou com uma repostage nas redes sociais de criticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, feitas pelo subsecretário da Diplomacia Pública, Darren Beattie. Ele afirmou que os Estados Unidos “continuarão a tomar as medidas cabíveis” contra Moraes por, segundo ele, abuso de autoridade e por minar “liberdades fundamentais”.
As declarações de Karoline Leavitt foram rebatidas pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). “Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias. Agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, disse.
Forças antidemocráticas
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.
A segunda consequência da eventual condenação de Bolsonaro, avaliaram auxiliares do petista, será uma aceleração da definição da candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao Palácio do Planalto em 2026. Sem o ex-presidente no páreo, provavelmente condenado pelo STF, o chefe do executivo paulista fica livre para assumir a intensão de disputar a presidência no ano que vem.
Na projeção otimista do Planalto, os dois fatores tendem a favorecer a provável candidatura a reeleição de Lula, que deve apostar no discurso da soberania nacional. A condenação de Bolsonaro também levaria Tarcísio a manter a defesa da anistia, ideia rejeitada pela maioria da população.