O relator Delegado Marcelo Freitas (União-MG) recomendou o arquivamento do processo contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Câmara. A decisão gerou críticas imediatas de parlamentares da base governista. Eles argumentam que a medida prejudica o Congresso, ignora a gravidade das acusações e desrespeita a sociedade. O julgamento foi adiado após pedido de vista coletivo, mantendo a expectativa sobre o destino do caso.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), considerou “escandalosa” a escolha do relator e o teor do voto apresentado. “Enviei uma petição para que o deputado Marcelo Freitas não fosse relator. Isso é escandaloso. Esse caso vai precisar vir para a Mesa”, disse. Entre os argumentos usados pelo petista, está o fato Freitas ter chamado Eduardo de “amigo” em um vídeo gravado em 2019.

Também do PT, Kiko Celeguim (SP) afirmou que o episódio envergonha o Congresso. “Esse deputado está, aos olhos de toda a sociedade brasileira, atentando contra a nossa soberania, contra a nossa economia. A sociedade está de olho nisso”, afirmou, defendendo que a base seguirá denunciando o caso.

O líder do PDT na Casa, Mário Heringer (MG), disse que o voto de Freitas “era esperado”. “Quem relatava já era companheiro, amigo, parceiro, de Eduardo. Esse arquivamento é um desserviço para o Congresso Nacional. Espero que isso seja corrigido e venha ao plenário”, afirmou.

Pelo PSOL, a líder Talíria Petrone (RJ) disse que o arquivamento demonstra que “mais uma vez o Congresso está contra o povo brasileiro”. “Como que arquiva uma denúncia contra um parlamentar que abandonou seu mandato para se articular com um país estrangeiro, para atacar a economia brasileira, atacar os empregos brasileiros, para tentar conspirar contra a investigação em relação ao golpe de Estado?”, questionou. Ela afirmou que o partido seguirá questionando outras instâncias: “A gente vai seguir pressionando o Supremo, o PGR, para que Eduardo seja responsabilizado”.

A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) também criticou o parecer. “Eu recebi essa informação de forma muito consternada, porque é um absurdo isso. A gente está falando de alguém que está articulando, manipulando e jogando contra o próprio país. E, o pior de tudo, está recebendo dinheiro público para isso”, disse. “Além de ser muito triste ver o arquivamento, é muito doloroso saber que o povo brasileiro está pagando uma conta muito cara com uma figura que articula contra a gente”, completou.

Apresentado nesta terça-feira, 8, o relatório teve a votação adiada por causa do pedido de vista coletivo. Se aprovado pelo colegiado, o caso será encerrado; caso o parecer seja rejeitado, um novo relator será sorteado para conduzir o processo.