Faltando menos de um mês para a COP30, menos da metade do total de países signatários da convenção climática da ONU confirmaram presença na conferência, marcada para começar no dia 10 de novembro em Belém (PA). Até esta quinta-feira, 17, as reservas feitas para hospedagem na cidade somaram 87 representações estrangeiras. Outras 90 delegações seguem em negociação.

No balanço desta semana, 162 delegações estão credenciadas, mas 75 ainda não garantiram hospedagem. Essa indefinição pode comprometer o quórum e as deliberações da conferência.

A UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) é assinada por 197 países e pela União Europeia. As 198 “partes”, jargão diplomático para denominar os membros, podem participar da COP. Para abrir a conferência, é necessário que um terço esteja presente (66 países) e, para validar as decisões, são exigidos dois terços (131 países) do total. Para chegar a esse número, portanto, faltam 44 confirmações.

 “A estatística que interessa é quantas delegações já estão credenciadas na UNFCCC para vir. O último número que a gente tem é de 162 delegações. Então, nós já estamos acima do número que torna a negociação da COP30 válida”, disse em fala recente o presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago.

A diferença entre os números de credenciados e com hospedagem confirmada reflete as dificuldades da estrutura logística da conferência. Apenas com hospedagem garantida, as delegações podem enviar efetivamente seus representantes, ponto que vem sendo o principal gargalo da conferência. A secretaria da COP reforça que mantém reservas a preços controlados para facilitar a participação de países em desenvolvimento.

A reportagem consultou aplicativos de hospedagem e calculou o custo de acomodação para quatro pessoas, no período de 10 a 21 de novembro. Os valores variam entre R$ 2,8 mil e R$ 60,3 mil por dez noites, dependendo da localização e da estrutura.

Além dos desafios logísticos, a COP30 carrega um peso político considerável. O governo brasileiro aposta no evento como vitrine da política ambiental de Lula e busca mostrar que o país retomou protagonismo global nas negociações climáticas.