O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne na próxima quarta-feira, 17, e manterá os juros inalterados em 15% ao ano. A decisão é amplamente esperada pelo mercado, mas os analistas estarão de olho nas sinalizações que os diretores do Banco Central podem enviar no comunicado após a reunião.
A aposta predominante entre economistas e gestores é de que os juros ficarão inalterados neste patamar, pelo menos, até janeiro de 2026. Essa análise se fundamenta nas afirmações dos membros do Copom de que o ambiente macroeconômico é marcado por expectativas de inflação desancoradas e projeções elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
Com isso, na avaliação dos diretores do BC, há exigência de uma “política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
A expressão “período bastante prolongado”, que apareceu duas vezes no último comunicado após a última reunião do Copom, tem ancorado as apostas de que os juros permanecerão inalterados em 15% até a entrada do próximo ano. Uma mudança nesse jogo de palavras tende a alterar completamente as apostas do mercado.
Em relatório aos clientes, o economista-chefe da XP, Caio Megale, afirmou que o cenário para a inflação melhorou em alguma medida, mas é cedo para discutir cortes de juros. “O BC continua enfatizando que a taxa Selic deve seguir inalterada por ‘período bastante prolongado’. Projetamos cortes graduais de juros a partir de janeiro, com a taxa básica atingindo 12,00% no final do ciclo”, afirmou.
Na atualização de cenário apresentada em setembro, o economista-chefe do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, manteve a expectativa de que a Selic terminará o ano em 15%. Segundo ele, a principal novidade no mês foi a melhora das expectativas de inflação, em especial para os prazos mais longos, algo que ainda não havia ocorrido.
Entretanto, ele afirmou que a probabilidade de corte de juros ainda neste ano é baixa e também estima que a queda da taxa deve começar em janeiro de 2026, com uma redução de 0,25 ponto percentual.
“Entendemos que esta probabilidade é baixa, dado que a melhora da inflação corrente está mais associada aos itens voláteis do que com o núcleo da inflação, o que por sua vez deve terminar o ano acima do que foi observado no ano passado. Além disso, as expectativas ainda seguem desancoradas e em patamar distante da meta”, disse.