A rotina alimentar de Jair Bolsonaro dentro da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal virou motivo de tensão para a família desde que ele foi preso no sábado. Nas visitas feitas nesta terça-feira, 25, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) relataram preocupação com a dieta do ex-presidente, citaram crises de soluço e disseram que ele está comendo pouco.

Flávio Bolsonaro afirmou ter sido informado de que a entrada da comida levada pela família teria sido proibida, embora a restrição ainda não constasse na documentação judicial. O ex-presidente não está se alimentando das refeições oferecidas pela própria PF. Para o senador, qualquer limitação à dieta seria “um ato desumano” diante das recomendações médicas que, segundo ele, orientam uma alimentação específica por conta das sequelas das cirurgias decorrentes da facada. “Ele precisa ter uma alimentação especial por causa do fluxo intestinal”, disse.

O senador também mencionou a preocupação do pai com a “origem da comida”, alegando que Bolsonaro sempre expressou receio sobre o trajeto dos alimentos “até chegar à mesa dele”. Flávio afirmou que o ex-presidente não desconfia de policiais federais, mas teme o manuseio intermediário dos itens. Ele relatou que, até agora, Michelle Bolsonaro tem levado todas as refeições para garantir que a prescrição médica seja seguida.

Além da alimentação, Flávio destacou que Bolsonaro enfrenta novas crises de soluço. Disse que entre segunda e terça-feira houve mais um episódio e argumentou que o ex-presidente deveria estar em casa, onde a esposa poderia ajudar nas posições adequadas para dormir e monitorar qualquer alteração. Para o senador, a permanência numa sala isolada na PF reforça o risco à saúde: “Se acontecer alguma coisa com ele, todo mundo sabe de quem é a responsabilidade”, disse referindo-se ao ministro do STF (Supremos Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.

Carlos Bolsonaro acrescentou mais um elemento: o pai estaria “comendo pouco” e a perda de apetite reflete o impacto emocional da prisão. “Não tem como você saber que não cometeu um crime e achar isso normal”, afirmou. O vereador disse que o estado psicológico de Bolsonaro já vinha se deteriorando há meses e que as últimas decisões judiciais agravaram o quadro. Ele relatou momentos de choro durante a visita e disse que a família tenta “mantê-lo de pé”.

Durante as conversas com a imprensa, os dois filhos ligaram a deterioração da saúde do pai a decisões que classificam como ilegais ou desproporcionais. Os dois negaram tentativa de fuga envolvendo a tornozeleira eletrônica e defenderam que o ex-presidente deveria ao menos permanecer em casa durante o período de prisão preventiva.