Em um editorial que será divulgado na noite desta sexta-feira, 17, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco Nacional) fez duras críticas ao secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, pela maneira como ele conduziu a comunicação e a implementação da norma sobre o monitoramento do Pix. A associação vem fazendo oposição ao atual secretário há tempos.
A crítica se concentra principalmente no fato de que, em vez de ser tratada como uma simples atualização burocrática, a medida foi mal comunicada e gerou desconfiança na sociedade.
A gestão de Barreirinhas é duramente criticada no texto por supostamente não lidar de forma responsável ao comunicar o tema à sociedade, que associou a medida à possibilidade de tributação sobre pequenos empreendedores e trabalhadores informais que usam o Pix para transações diárias. A falha deu munição para uma avalanche de fake news.
"O início de 2025 será lembrado pela maior trapalhada já ocorrida na história da comunicação da Receita Federal com a sociedade”, diz o texto da Unafisco.
O editorial também aborda uma entrevista do chefe da Receita Federal à CNN, no dia 7 de janeiro, na qual ele falou sobre a modernização dos sistemas da pasta. Especialistas apontaram que a informação sobre a modernização alimentou a narrativa de que o governo estava intensificando a vigilância sobre os cidadãos.
O impacto da crise de comunicação da Receita Federal, para a Unafisco, refletiu na crescente desconfiança da população em relação às transações via Pix. O sistema, que movimentou mais de R$ 26 trilhões em 2024, já era monitorado pela Receita, que recebe dados sobre todas as transações.
Procurado, Robinson Barreirinhas não quis comentar o texto.
Em uma carta aberta à sociedade, diversas entidades do Fisco expressaram solidariedade ao Ministério da Fazenda e à Receita Federal, condenando os ataques de fake news. As entidades destacam que as medidas adotadas têm como objetivo “proteger a sociedade brasileira, modernizando o monitoramento das transações financeiras e combatendo crimes como a lavagem de dinheiro, o contrabando e o descaminho”.
As organizações enfatizam que a “defesa intransigente das administrações tributárias é essencial para a justiça fiscal e para o combate à sonegação”. Assinaram essa outra carta Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital), a Febrafite (Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais), o Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho) e o Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil).