Jair Bolsonaro saiu satisfeito da Praia de Copacabana neste domingo, 16, mas a manifestação ficou bem longe do 1,5 milhão de pessoas que ele pediu, via redes sociais. Aliás, nem entre seus aliados a tese da anistia parece gerar entusiasmo.
Alguns dos principais senadores eleitos com o apoio de Bolsonaro não estavam lá, como Damares Alves, do Republicanos do DF, e Hamilton Mourão, do Republicanos do RS. Dos governadores, só foram quatro: Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ), Jorginho Mello (SC) e Mauro Mendes (MT).
E olha que este domingo não era um dia qualquer para Bolsonaro. Havia algumas semanas, ele vinha tentando mobilizar apoio no que seria o primeiro grande ato a favor de um projeto de lei que o livrasse da cadeia.
Por isso, usou e abusou nas redes sociais da imagem dos golpistas que, depois de anos de lavagem cerebral bolsonarista, foram às ruas em 8 de janeiro de 2023 para invadir as sedes dos três poderes, depredá-las, criando uma situação de caos institucional tamanha que obrigaria Lula a convocar os militares para reestabelecer a Lei e a Ordem. Uma vez fora da caserna, a ideia era que os militares seguissem no comando do país.
Esse era o plano do golpe, uma última tentativa desesperada depois de frustradas as intentonas planejadas entre novembro e dezembro de 2022.
Quaest e Datafolha já mostraram que mesmo parte dos eleitores de Bolsonaro em 2022 é contra livrar essas pessoas. Em janeiro, a Quaest mostrou que 86% dos brasileiros desaprovam as invasões de 8 de janeiro de 2023. Em dezembro, o Datafolha mostrou que 62% dos brasileiros se disseram contra conceder anistia aos golpistas.
A razão é semelhante à que explica a pouca presença ontem na Avenida Atlântica. Pode parecer estranho, mas muitos que votaram em Bolsonaro não queriam um golpe de Estado, preferem a democracia e, fundamentalmente, ficaram horrorizados com as cenas de violência e destruição de prédios, obras de arte e símbolos das instituições brasileiras, como a réplica da Constituição de 1988, levada pelos vândalos.
Mas Bolsonaro seguirá na pauta. Sabe que será condenado no STF e que terá dificuldade de reverter a inelegibilidade. Sem anistia, não tem 2026 e, possivelmente, nem 2030, 2034…