KUALA LUMPUR – Não foi surpresa para o presidente Lula a decisão de Donald Trump de começar a reunião na capital da Malásia abrindo a sala para uma sessão de perguntas de jornalistas.

Lula estava avisado por sua assessoria de que isso poderia acontecer. E não foi só: tinha sido alertado para a possibilidade de, no meio dos jornalistas americanos, haver influenciadores trumpistas preparados para provocá-lo e, quem sabe, até moldar a narrativa do encontro.

O temor na equipe do Planalto com essa possibilidade era claro: além do risco de exposição a possíveis armadilhas, as respostas a eventuais provocações ao presidente poderiam, inclusive, pautar a parte fechada da reunião.

Foi justamente esse o motivo pelo qual Lula, irritado, defendeu diante de Trump que as perguntas fossem interrompidas.

Enquanto o presidente americano era cravejado por mais perguntas, entre elas se a negociação com o Brasil seria política, Lula interveio:

“Queria sugerir que vocês fizessem a entrevista depois da reunião, porque nós temos pouco tempo e daqui a pouco o tempo se perdeu porque nós ficamos conversando com vocês e temos que fazer a entrevista (a reunião). Esse é o dilema. Se vocês tiverem paciência, vocês saberão o resultado da reunião. Se ficarem agoniados, vocês vão saber apenas suposições nossas”, disse Lula, enquanto Trump ora ria, ora o olhava de lado com certo ar de curiosidade.

“Por isso eu sugiro que a gente comece a nossa reunião”, emendou o brasileiro, agora dirigindo-se ao presidente americano. Trump anuiu, e ainda brincou dizendo que as perguntas estavam “chatas”. A sessão de perguntas, então, foi interrompida após cerca de nove minutos.

A atitude de Lula foi comemorada horas depois, já no hotel, por seu staff. Diplomatas e assessores avaliavam que a intervenção foi providencial para evitar que houvesse um gancho qualquer que permitisse a Trump criar algum embaraço para Lula ainda diante das câmeras e microfones.