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Bloqueio de emendas trava rateio de comissões na Câmara

Falta de definição do volume de recursos destinados a cada colegiado provoca adiamento da escolha dos partidos. Flávio Dino determina auditoria em R$ 469 milhões de verbas do orçamento

Ministro Flávio Dino, do STF
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

A Câmara dos Deputados entrou na terceira semana de trabalho sem definição sobre a composição das comissões permanentes e sobre as presidências dos colegiados que têm a função de discutir o mérito das propostas que vão ao plenário para votação. O que está emperrando a escolha dos partidos é, principalmente, um tema que se arrasta desde o fim do ano passado: as emendas parlamentares, cujo pagamento foi bloqueado pelo ministro do STF Flávio Dino (foto), relator do inquérito que apura a falta de transparência na destinação dos recursos.

Os partidos se recusam a escolher as comissões por não saberem quais delas terão mais recursos para serem distribuídos nem se os recursos do ano passado serão liberados pelo ministro. Diante disso, deputados começam a discutir a possibilidade de acabar com esse tipo de emenda, realocando as verbas. A mudança serviria para o futuro e poderia ser uma forma de driblar os bloqueios pelo STF, como ocorreu com o chamado “orçamento secreto”.

Essa nova roupagem das emendas de comissão já consta em uma minuta de projeto de lei que está em discussão a pedido do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele solicitou o texto a um conjunto de deputados, entre eles Danilo Forte (União Brasil-CE). O novo formato prevê a transformação das emendas de comissão em emendas de bancada de líderes partidários. A proposta ainda não foi protocolada.

Já no Senado, há consenso entre os líderes para se aprovar nesta quarta-feira, 19, um projeto de lei complementar, apresentado pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que “ressuscita” recursos desde 2019 que não foram pagos, incluindo R$ 2 bilhões do "orçamento secreto". A proposta permite que a verba seja usada até o fim de 2026. A votação, marcada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), faz parte da articulação com Hugo Motta para tentar escapar dos bloqueios do STF. Líderes de partidos, tanto de esquerda, como da direita ou do centro dizem que o apoio à proposta é unânime.

Auditoria
Flávio Dino deu um prazo de 60 dias corridos para que a CGU (ControladoriaGeral da União) faça uma auditoria nas 644 emendas que foram liberadas sem a divulgação dos planos de aplicação do dinheiro em 2024. No total, foram gastos R$ 469 milhões dessa forma. A informação tem como base um documento do TCU (Tribunal de Contas da União) com dados atualizados até 13 de fevereiro.

Dino também enviou as informações para a PGR analisar se houve improbidade de prefeitos e governadores na aplicação das verbas sem os respectivos planos. O ministro também pediu informações à CGU sobre 126 planos aprovados e que o TCU detalhe mais os planos de trabalho de 2020 a 2023. No período, foram liberadas sem planos 7.621 emendas, que totalizam mais de R$ 4 bilhões.

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