Ao fim do governo Bolsonaro, diante da dificuldade de se enumerar realizações de sucesso da administração que terminava, era comum que alguém, em defesa de Jair, lembrasse do Pix. Não durava muito para um estraga-prazeres apontar que o sistema era uma inovação do Banco Central e que entraria em vigor fosse qual fosse o governo.
Mas quis o destino que até o Pix se tornasse alvo de Donald Trump, o aliado de Bolsonaro que jogou a direita em uma de suas piores crises de opinião, após anunciar sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros para pressionar o Brasil a livrar o ex-presidente da acusação de golpe de Estado.
O documento que embasa a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil menciona o Pix como um exemplo de possível prática desleal do país no setor de pagamentos eletrônicos.
“O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a promoção de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, afirma trecho do relatório.
A investigação, conduzida pelo Escritório do Representante do Comércio dos EUA, irá examinar as práticas brasileiras em temas como comércio eletrônico, tecnologia, tarifas de importação e desmatamento, conforme nota divulgada na terça-feira, 15.
A Quaest também apontou que foi desastrosa a iniciativa da família de Bolsonaro de, por meio de Eduardo, atiçar Trump contra o Brasil. Para 72% dos brasileiros, Trump está errado ao impor tarifas ao Brasil por conta de Bolsonaro. Além disso, a maioria, 57%, considera que o ex-presidente americano sequer tem o direito de criticar o processo no qual Bolsonaro é réu no STF. Os dados são da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 16.
Entre os 2004 entrevistados pelo instituto entre os dias 10 e 14 de julho, 66% disseram ter conhecimento da carta de Trump enviada a Lula sobre o tarifaço. Para 79% dos brasileiros, a tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos trará prejuízos para suas vidas.