O relógio ainda não marcava 9h desta terça-feira, 2, e o julgamento de Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF já havia tomado conta das redes sociais. Em apenas duas horas e meia de monitoramento da Ativaweb, agência especializada em marketing digital, foram registradas mais de 3,1 milhões de menções ao ex-presidente nas plataformas.
A disputa, claro, não se deu no campo jurídico, mas no terreno onde Bolsonaro sempre se sentiu em casa: o espaço de narrativas digitais.
O placar parcial dá vantagem folgada ao bolsonarismo: 63% das postagens defendiam Bolsonaro, repetindo mantras como “sem provas”, “perseguido” e “injustiça”. A fé, combustível constante da militância do ex-presidente, apareceu com força: a palavra “oração” foi um dos motores de engajamento.
Do outro lado, apenas 37% se alinharam à defesa do Supremo e da democracia, com palavras como “STF”, “condenação” e “réus”.
O levantamento da Ativaweb trouxe números que dimensionam a temperatura da rede. O índice de polarização chegou a 82 em 100 — um grau de radicalização digital próximo ao registrado nos dias mais tensos da eleição de 2022.
A força narrativa, que mede volume e propagação, marcou 71, com o bolsonarismo dominando hashtags e memes. A mobilização emocional alcançou 76, anabolizada pelo discurso religioso. E houve até um tom internacional: com 54 pontos, cresceram as comparações com Trump e as referências à Venezuela.