A defesa de Jair Bolsonaro negou o descumprimento de ordem judicial, acusou a Polícia Federal de tentativa de “massacre” e “desmoralização” do réu e classificou de “peça política” o indiciamento desta semana pela escalada de ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). “O Relatório da Polícia Federal causa espanto. Encaixa-se como uma peça política, com o objetivo de desmoralizar um ex-presidente da República”, registra documento entregue na noite desta sexta-feira, 22.
Os advogados criticam a PF por exposição da vida privada de Bolsonaro. Afirmam que o ex-presidente é acusado “de fatos tão graves quanto descabidos”. Segundo os defensores, “boa parte do relatório” dedica-se a um disse me disse “sem relevância” para a investigação. O documento ainda nega lavagem de dinheiro, prática indicada no relatório. Para a defesa, as transações financeiras têm origem lícita. Seriam depósitos, via Pix, para familiares.
“O objetivo é o massacre. A desmoralização. Ou seja, é lawfare em curso”, afirmam os advogados Celso Vilardi, Paulo Bueno e Daniel Tesser.
A defesa destaca ainda que Bolsonaro teve “dois celulares apreendidos” e que a PF “a partir de recorte de parte do conteúdo” desses aparelhos conclui que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares. O documento nega tentativa de fuga e desqualifica o rascunho de pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei, encontrado no celular do ex-presidente.
A divulgação dos dados do inquérito também foi criticada. “Manchetes no Brasil e no exterior anunciando que o ex-presidente planejou uma fuga. Nada mais falso, mas nada mais impactante, sobretudo há (sic) pouco mais de 10 dias do julgamento.”
Além de “esclarecer” que Bolsonaro não descumpriu as ordens de Alexandre de Moraes, a defesa pediu que ele reconsidere a decisão que decretou a prisão domiciliar ou julgue o recurso apresentado no dia 6, antes do julgamento por tentativa de golpe.