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Ato de Bolsonaro não comove STF, que mantém tendência para torná-lo réu

Com mobilização de apoiadores às vésperas do julgamento no STF, Bolsonaro tenta provar que, apesar do revés judicial, ainda é liderança política à direita

Jair Bolsonaro
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Jair Bolsonaro apareceu em público no domingo, 16, para mostrar a seus seguidores que, às vésperas do julgamento no STF que pode torná-lo réu, ainda exerce a liderança do campo político à direita. O ato de Copacabana, no entanto, não tem força para mudar a tendência do tribunal de abrir ação penal contra o ex-presidente na sessão que começa no próximo dia 25.

Mais pragmático, o ato deixou a pauta de costumes de lado e focou em críticas ao ministro Alexandre de Moraes, na defesa da anistia a condenados pelo 8 de janeiro e em ataques ao governo Lula - especialmente aos preços dos alimentos, o calcanhar de Aquiles da gestão atual.

Ainda no campo político, Bolsonaro levou ao palanque suas apostas para as eleições de 2026, com destaque para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O ex-presidente foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Se Bolsonaro permanece o mesmo, o bolsonarismo mudou, ao menos de tamanho. O presidente convocou um milhão de pessoas para o ato. Segundo pesquisadores da USP; o evento juntou 18 mil. A Polícia Militar estadual contou 400 mil.

Juridicamente, o efeito do ato é nulo. As críticas desferidas ao STF não têm potencial para ensejar prisão preventiva. Por outro lado, a demonstração de apoio popular também não tem força para reverter a tendência de recebimento da denúncia pela Primeira Turma do tribunal, em julgamento agendado para o próximo dia 25.

O ex-presidente arriscou inclusive um exercício de futurologia ao apostar que o Supremo não aliviará para ele: “Se é 17 anos para as pessoas humildes, é para justificar 28 anos para mim”. Logo, já dá como certo o recebimento da denúncia e, mais à frente, sua condenação.

No discurso, Bolsonaro se defendeu da acusação de golpe e disse ter apoio de outros partidos além do PL, como o PSD de Gilberto Kassab, para aprovar a anistia ao grupo do 8 de janeiro no Congresso Nacional. Um perdão que, ao que tudo indica, beneficiaria o próprio ex-presidente.

Para conseguir aprovar a anistia no Congresso, são necessários 257 votos na Câmara dos Deputados e 41 no Senado, além de pressão popular para convencer os presidentes das duas Casas a pautar a proposta. Ainda assim, se aprovada, certamente a anistia seria depois derrubada pelo STF - o autor das condenações e também o foro para julgar a constitucionalidade de atos do Congresso.

Inelegível e prestes a se tornar réu, o ex-presidente não se deu por vencido diante de seus apoiadores: “Eles não derrotaram e nem derrotarão o bolsonarismo”.

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