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Braga Netto procurou pai de Cid, também general, para saber sobre delação

Tentativa de obter informações sobre os depoimentos prestados pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi um dos principais motivos da prisão, neste sábado. Ele é acusado de obstrução de Justiça

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Preso na manhã deste sábado, 14, o general Walter Braga Netto procurou o pai do tenente-coronel Mauro Cesar Cid para saber dos rumos das investigações sobre a tentativa de golpe e tentar se blindar. O contato de Braga Netto com o também general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens, foi revelado no último dia 5 aos investigadores pelo próprio tenente-coronel, que tem um acordo de delação premiada firmado com a PF e o STF.

A tentativa de contato foi um dos principais motivos da decretação da prisão de Braga Netto, cumprida na manhã deste sábado. O general, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil de Jair Bolsonaro e também candidato a vice na chapa em que o ex-presidente disputou a reeleição em 2022, foi preso no Rio de Janeiro. Nas investigações sobre a tentativa de golpe, ele é suspeito de ser um dos dos cabeças do plano.

No pedido de prisão enviado ao ministro Alexandre de Moraes, a PF aponta que Walter Braga Netto entrou em contato com o general Lourena Cid para saber o conteúdo dos depoimentos prestados pelo filho dele, o tenente-coronel Mauro Cid, em uma tentativa de direcionar os passos seguintes da investigação.

O delator confirmou que Braga Netto vinha procurando seu pai por telefone para obter informações sobre suas declarações. Lourena Cid, ouvido, confirmou ter conversado com Braga Netto, mas alegou não se recordar se o assunto tratado.

A partir disso, a PF entendeu que o general Braga Netto estava cometendo o crime de obstrução de Justiça e, então, pediu a Moraes que decretasse sua prisão. “A hesitação (de Lourena Cid) em confirmar o contato, em contradição com o próprio filho, e os elementos probatórios identificados é circunstância que reforça a interferência de Braga Netto sobre o colaborador e seus familiares”, afirma a PF no pedido de prisão.

No celular apreendido de Lourena Cid foram encontrados registros de mensagens trocadas com Braga Netto que haviam sido apagadas, o que, para a PF, reforça as suspeitas sobre as tentativas de contato para obter informações dos depoimentos.

A investigação sobre a tentativa de Braga Netto de saber mais sobre a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teve início com a apreensão, durante uma das operações anteriores, de um documento com perguntas e respostas de Cid na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, na sede do PL.

Peregrino também foi alvo da PF na manhã deste sábado. Contra ele foi expedido um mandado de busca e apreensão. O coronel está proibido de manter contato com os demais investigados.

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