O União Brasil decidiu nesta quarta-feira, 8, suspender o ministro Celso Sabino (Turismo) de todas as funções partidárias por até 60 dias, prazo para a conclusão do processo que pode resultar na sua expulsão da legenda. A decisão, tomada por unanimidade pela Executiva Nacional, também prevê a dissolução do diretório estadual do partido no Pará, controlado por Sabino. 

Relator do processo, o deputado Fábio Schiochet (SC) afirmou que “a tendência é expulsar” o ministro. “Decidiremos nos próximos dias quem assume o diretório no Pará”, disse. Segundo ele, a votação foi unânime, e a direção optou por não expulsar sumariamente Sabino, permitindo que o Conselho de Ética finalize o caso.

Após a decisão, o ministro de Lula criticou a condução interna da sigla e defendeu sua permanência no governo. “O partido, no meu entendimento, tem tomado decisões equivocadas. Vou continuar com o diálogo agora, com esse processo seguindo no Conselho de Ética, para tentar sensibilizar os membros do partido de que o momento eleitoral deve ser deixado para o prazo eleitoral. Hoje o momento é de trabalhar pelo bem do povo brasileiro”, afirmou.

O ministro também reagiu às críticas do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos principais articuladores da sua suspensão, que antes da reunião afirmou. “É imoral querer ser soldado de Lula e do União”, afirmou Caiado. No final, Sabino ironizou: “Quando ele atingir 1,5% na pesquisa, eu respondo a ele”.

O governador classificou o ministro como um “quinta coluna” — termo usado para descrever traidores dentro de um mesmo grupo. “A postura do ministro Celso Sabino é postura de quinta coluna. Ele está ali para tentar desmoralizar o partido. O que ele faz é um jogo rasteiro, de quem toma a forma do frasco, um caráter líquido, que agora tomou a forma do PT”, disse Caiado.

Com a suspensão, Sabino perde temporariamente os cargos na Executiva e no Diretório Nacional do União Brasil. O Conselho de Ética tem até 60 dias para concluir o processo. O ministro é acusado de desrespeitar o ultimato do União Brasil para que filiados deixassem cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até 19 de setembro. Mesmo após anunciar que pediria demissão, Sabino permaneceu no ministério e manteve agendas com Lula, em especial no Pará, seu reduto eleitoral. Ele pretende disputar uma vaga ao Senado em 2026 e avalia que o apoio do petista pode ser decisivo.

Sabino foi o segundo ministro de Lula punido nesta quarta-feira por continuar no governo. Mais cedo, o PP decidiu excluir André Fufuca de todas as funções partidárias, também, também por permanecer no cargo na Esplanada.