Há uma dúvida hoje, dentro do PT, sobre a disposição do partido de contrariar o presidente da República, seu maior líder. Até hoje, Lula foi contrariado uma única vez pelos petistas nas disputas internas, em 1994, quando o hoje deputado Rui Falcão (SP) foi eleito presidente nacional da legenda, concorrendo com José Dirceu, outro nome proeminente na sigla.
Na ocasião, Lula preferia Dirceu. Falcão, porém, uniu a esquerda do partido e venceu a disputa. Hoje, não se sabe se esse fato poderá se repetir. Até o dia 6 de julho, data da eleição para a sucessão no partido, muita água vai rolar, segundo o clichê repetido por lideranças petistas.
Parte da tendência majoritária do partido, a CNB (Construindo o Novo Brasil), rejeita o nome indicado por Lula: Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação) no governo Dilma. As restrições de parte do grupo foram manifestadas a Lula na semana passada em reunião na casa da agora ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Como alternativa, essa ala da CNB já propôs nomes como o de Paulo Okamoto, amigo de Lula e presidente da Fundação Perseu Abramo, e também a possível manutenção no cargo do presidente interino, o senador Humberto Costa (PE). Nos últimos dias, surgiu a possibilidade do próprio Rui Falcão voltar ao comando do PT, cargo para o qual foi escolhido outras duas vezes além de 1994, entre 2011 e 2017, com apoio de Lula.
Hoje, o deputado integra a corrente Novo Rumo, mas seu nome agrada parte da CNB e grupos mais à esquerda do partido. Integrantes da corrente majoritária próximos de Lula afirmam, no entanto, que não há a menor chance de o fato ocorrido em 1994 se repetir este ano.
Para um ministro petista, a possível candidatura de Falcão está sendo “superestimada”. Por essa avaliação, Edinho tem votos para ganhar a disputa. Outros líderes do PT dizem que, quando Lula começar a chamar membros da CNB para conversar, um por um, vários deles “acabarão compondo”.
Correntes mais à esquerda, por outro lado, como a Democracia Socialista e a Diálogo e Ação e Petista, tendem a apoiar o nome de Falcão. A Articulação de Esquerda, outro desses grupos, fará um encontro para lançar o seu candidato, neste sábado, 15.