Minutos antes de ser detida pela polícia italiana em Roma nesta terça-feira, 29, Carla Zambelli (PL-SP) gravou um vídeo em que afirmou que não vai voltar para o Brasil para cumprir a pena de dez anos de prisão que lhe foi imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em junho passado.
“Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena no Brasil. Se eu tiver que cumprir qualquer pena vai ser aqui na Itália, que é um país justo ainda e democrático”, afirmou Zambelli.
A deputada foi detida por agentes da Digos (Divisão de Investigações Gerais e Operações Especiais), de Roma. A Polícia Federal informou que colaborou com os policiais italianos e que até esta quinta-feira, 31, as autoridades locais decidirão se soltam Zambelli ou se ela seguirá detida no país até o fim do processo de extradição.
Os policiais encontraram a deputada em um apartamento no bairro Aurelio, a doze minutos de carro do Vaticano. No vídeo feito por ela e por seu advogado Fábio Pagnozzi, os dois afirmaram que a prisão foi realizada após decisão voluntária da deputada de se entregar. A informação não foi confirmada pela PF.
“Eu vou me apresentar às autoridades italianas”, disse a deputada. Na gravação antes da prisão, ela voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo em que foi condenada, além os demais integrantes do STF. “Estou muito segura de fazê-lo, porque aqui nós temos ainda justiça e democracia. Não temos um ditador no poder. Não temos a autoridade ditatorial de Alexandre de Moraes e de seus comparsas da Suprema Corte”, disse.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão no Brasil e à perda do mandato – o que ainda depende do aval da Câmara. Após a decisão do STF, a deputada fugiu para Itália por ter dupla cidadania. Seu nome foi incluído na lista de fugitivos da Interpol. “Eu vou me apresentar às autoridades porque porque eu não estou aqui fugindo”, afirmou. “Vou continuar lutando aqui da Itália para que depois eu possa voltar para o nosso país.”
Processo de extradição
O PlatôBR apurou que em 11 de junho o Ministério da Justiça e Segurança Pública deu encaminhamento ao processo de extradição, a partir da decisão do Supremo.
O DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), vinculado à pasta, referendou o pedido, em conformidade com o tratado firmado entre Brasil e Itália, e o encaminhou ao Ministério das Relações Exteriores, responsável pelo envio do processo pela via diplomática.
O Ministério da Justiça da Itália analisa o pedido e vai encaminhar ao tribunal competente italiano, que decidirá, de fato, se a deputada será extraditada ou não.