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Carrefour se retrata sobre qualidade da carne, mas mantém boicote na França

Em nota distribuída na manhã dessa terça-feira (26), assinada pela assessoria de imprensa, rede francesa desfaz parcialmente a polêmica gerada pelo CEO da empresa

Carrefour se retrata sobre qualidade da carne, mas mantém boicote na França

Após a dura reação do agronegócio brasileiro às insinuações do CEO do Carrefour, na França, sobre a qualidade da carne brasileira e a decisão de não importar mais o produto do Mercosul, o grupo divulgou nota na manhã dessa terça-feira (26). No texto, publicado no site da empresa, o grupo se retrata em relação às dúvidas levantadas pelo CEO sobre cumprimento de regras sanitárias no Brasil. No entanto, sinaliza que irá manter a suspensão da compra do produto brasileiro em resposta às manifestações de produtores locais que são contra a aprovação, pelo parlamento francês, do acordo comercial entre a União Europeia e os países que integram o Mercosul.

“Melhor do que ninguém, conhecemos as normas seguidas pela carne brasileira, sua alta qualidade e seu sabor”, diz o texto. “Nossa declaração de apoio ao setor agrícola francês, feita na última quarta-feira a respeito do acordo de livre-comércio com o Mercosul, gerou no Brasil discordâncias que é nossa responsabilidade esclarecer”, explica. “Nunca colocamos a agricultura francesa em oposição à agricultura brasileira”.

Em seguida, o documento afirma que o Carrefour é o principal parceiro da agricultura francesa e sinaliza que não pretende rever a decisão de não comprar carne do Mercosul. “Compramos quase exclusivamente carne de origem francesa e continuaremos a fazê-lo”, afirma a nota. “A decisão do Carrefour França não tem como objetivo mudar as regras de um mercado francês que já é amplamente estruturado em torno de suas cadeias locais de abastecimento”, justifica. “Essa decisão visa, legitimamente, assegurar aos agricultores franceses, que enfrentam uma grave crise, a continuidade de nosso apoio e de nossas compras locais”, conclui.

O texto lamenta ainda a polêmica gerada e diz que, no Brasil, seguirá comprando carne dos produtores brasileiros. “Do outro lado do Atlântico, compramos quase a totalidade da carne brasileira no Brasil e continuaremos a fazê-lo”.

Tiro saiu pela culatra?
As declarações do CEO do Carrefour, em carta a sindicatos locais na semana passada, foi uma resposta aos protestos dos agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. A ideia era estimular outras redes, na França, a seguir o mesmo caminho, protegendo os produtores de carne na França e pressionando o parlamento francês que decidirá a posição da França em relação ao acordo. Nesse ponto, acredita-se a atitude do CEO foi bem sucedida, já que marcou posição e jogou luz sobre a votação da matéria.

Mas há o outro lado da história. As afirmações, interpretadas como protecionistas e desrespeitosas, geraram grande repercussão no Brasil. Além das manifestações contrárias do próprio governo brasileiro e de várias entidades do agronegócio, grandes frigoríficos brasileiros decidiram não vender mais carne para as lojas do Carrefour no Brasil, criando um problema de abastecimento da rede no país e uma crise de imagem para marca.

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