Embora o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tenha dito na saída da visita que fez a Jair Bolsonaro que será candidato à reeleição, entre aliados ele continua sendo o nome mais forte para disputar o Planalto no campo da direita. Presidente do PP, partido que forma uma federação com o União Brasil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) aposta que o anúncio do apoio do ex-presidente será feito até dezembro e que, nas condições de hoje, Tarcísio é o político mais bem posicionado para entrar na corrida presidencial na oposição ao governo Lula.

“Ainda tem muita coisa para acontecer, mas até dezembro ele [Bolsonaro] resolve”, disse o senador, ao PlatôBR. “É claro que, se fosse hoje, o candidato seria o Tarcísio”, indicou o senador.

Nogueira ainda ponderou que, no momento, nenhum nome da família Bolsonaro teria condição de vencer Lula nas urnas e que o ex-presidente não vai se arriscar a perder a eleição. “Hoje, eu acho que um nome da família não teria como ser eleito. E o Bolsonaro é a única pessoa que não pode correr risco nessa eleição”, disse o senador.

Confira a íntegra da entrevista:

Como o senhor vê o movimento do governador Tarcísio de Freitas e do ex-presidente Bolsonaro? Havia uma expectativa de se definir o apoio do ex-presidente para as eleições de 2026, mas o governador saiu dizendo que será candidato à reeleição.
A conversa foi a melhor possível. Entendimento total. [Tarcísio] vai fazer o que o presidente vai orientar. O presidente vai decidir até dezembro quem é o candidato. Hoje, eu não vou negar para você, o melhor é o Tarcísio. Tem muita coisa para acontecer ainda, mas até dezembro ele resolve.

Mas o governador disse que será candidato à reeleição.
O governador era candidato a senador em Goiás. Eleito! O presidente Bolsonaro mandou ele ir para São Paulo, ele nem discutiu. Foi. Então, a decisão é do presidente.

O senador Flávio Bolsonaro desmente o apoio.
Eu mesmo sou contra Bolsonaro anunciar agora. Os governadores de São Paulo erravam porque eram eleitos a governador e se lançavam candidatos a presidente. O Tarcísio só pode ser candidato em 2026. Eu acho que, em dezembro, a gente decide e lança, caso ele seja o escolhido.

O ex-presidente já se convenceu de que o candidato não será um nome da família?
Isso aí depende. Hoje, eu acho que um nome da família não teria como ser eleito. E o Bolsonaro é a única pessoa que não pode correr risco nessa eleição. Eu posso perder. Tarcísio, Lula e Flávio também podem. Agora, Bolsonaro não pode perder esta eleição, por conta da situação dele. Então ele não vai correr risco. Agora, a uma coisa que é importante, o alinhamento de Tarcísio com Bolsonaro é perfeito. Tarcísio vai fazer o que o Bolsonaro mandar. E a chance de ele concorrer sem o apoio de Bolsonaro é nenhuma.

O senhor conversa muito com Bolsonaro. O senhor já percebeu dele algum medo, por exemplo, de dar o apoio para uma determinada pessoa ,ou mesmo para o Tarcísio, e assim desaparecer politicamente?
Não, morrer politicamente ele não vai morrer nunca. Daqui a 10, 20 anos, ele ainda vai ser o grande líder que é capaz de despertar, de acontecer. Eu tenho certeza de que, se ele pudesse escolher um filho, o Flávio, por exemplo, ele seria o candidato. Não tenho dúvida disso. Ele vai escutar a minha opinião, a do Marco Pereira, do Rueda e do Valdemar. Vai escutar as pessoas que o aconselham. Isso aí não é uma decisão solitária. A gente vai opinar e ele vai tomar a decisão correta, que não nos leve a uma derrota no próximo ano.