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Colegas de Kakay em grupo de advogados dizem que ele viveu ‘dia de Nikolas’ com carta

Advogados do grupo Prerrogativas criticaram teor da carta, divulgada em momento crítico para o presidente e para o governo. Alguns veem até segundos interesses do colega

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, com o presidente Lula
Foto: Reprodução

O momento, a forma e o conteúdo não poderiam ser piores, na avaliação de colegas do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, sobre a carta que em que ele diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "isolado" e "capturado". No texto, Kakay diz que é "outro Lula que está governando". "Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política."

A carta chegou em um dos piores momentos de Lula. A popularidade do presidente está em baixa e ele está com dificuldades para começar a costurar seu arco de alianças para 2026. Irritados, alguns advogados do Prerrogativas, grupo de advogados simpatizantes do PT, passaram a dizer que Kakay viveu "seu dia de Nikolas", remetendo ao estridente deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que é um fenômeno na mobilização das redes sociais pelo lado da direita.

"Ele foi para a TV, foi uma carta muito lida e serviu à direita", disse um dos membros do grupo, que não acredita em um equívoco por parte do advogado. "Tudo ali é bem medido. Porque ele não falou isso um mês atrás e fala agora com esses números tão ruins para Lula?", questionou o advogado, em reservado.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, um dos coordenadores do grupo, considerou a análise feita por Kakay descolada da realidade. "Ele não levou em consideração o que aconteceu no país nesses últimos meses. O Lula ficou 45 dias de resguardo por recomendação médica, depois conversou com os novos presidentes da Câmara e do Senado e fez várias reuniões com lideranças políticas", ponderou, considerando que isso é bem diferente do suposto isolamento que Kakay aponta.

Membros do Prerrogativas chegam a falar de "traição" e da possibilidade de uma sinalização para políticos de direita que, diante da perspectiva de chegada das denúncias contra Jair Bolsonaro ao STF, precisarão de contratar advogados experientes. Um detalhe que chamou a atenção foi Kakay conceder uma entrevista à Globonews para explicar a carta dizendo que ele já advogou para três presidentes da República. "Ele cita o nome do Ciro Nogueira. Achei bem estranho", disse um advogado do Prerrogativas, sob reserva, referindo-se ao senador e ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro.

Em seu perfil do WhatsApp, Kakay manteve uma foto tirada com Lula na campanha, na qual o presidente coloca a mão em seu rosto (ele, por sua vez, está com a mão no ombro do petista). O advogado tem evitado falar publicamente sobre o assunto, depois de uma operação costurada por emissários do governo. Como o PlatôBR publicou nesta quarta, 19, a pessoas próximas Kakay tem dito que 15 ministros se solidarizaram com ele após a divulgação da carta.

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