Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, foi o primeiro pré-candidato a se lançar à Presidência em 2026, em abril passado. Colocar o bloco na rua tão cedo foi um recado aos demais líderes do seu partido — um dos pilares do Centrão e integrante do governo Lula — de que quer ganhar musculatura até o início do ano que vem, quando pretende renunciar ao governo goiano para rodar o Brasil. Caiado tem dito que pretende manter sua postulação presidencial mesmo que Jair Bolsonaro escolha outro nome da direita para representá-lo em 2026, como Tarcísio de Freitas.

Em entrevista ao canal Amado Mundo (youtube.com/@amadomundo), o governador afirmou que tem um acordo com o partido para garantir sua candidatura. Ele disse não se importar em disputar contra Tarcísio ou Eduardo Bolsonaro, outro nome cogitado a substituir o inelegível Bolsonaro. “Na minha primeira candidatura a presidente [em 1989], nós éramos 22. Agora eu acho que pode ter no máximo seis ou oito, talvez, candidatos. Eu acho que essa é a beleza do primeiro turno”, disse.

Médico, Caiado lembrou do momento em que se afastou de Bolsonaro durante a pandemia, quando o então presidente insistia em negar a virulência da Covid, era contra o isolamento social e criticava a vacinação. Os dois retomaram a relação nos últimos anos, com Caiado apoiando Bolsonaro no segundo turno em 2022, depois de um primeiro turno conflituoso com o bolsonarismo.

O governador, que se gaba de ter sido reeleito no primeiro turno em Goiás, um feito inédito no estado, ponderou que o apoio a Bolsonaro se deu muito mais pela oposição histórica a Lula. Afiando o discurso antipetista, ele também se vangloria de ser, em suas palavras, “o mais longevo opositor a Lula na história política brasileira”.

“Muitos já foram, já voltaram, já tiveram recaídas, foram de novo. Eu não. Desde 1986, Lula montou o MST, eu montei a UDR. Eu fui candidato, naquela época, pelo PSD, na primeira eleição de 89. Foram várias eleições na Câmara, no Senado e aqui no governo do estado. Agora, uma coisa é ter posições contrárias. Outra coisa é conversar, dialogar, discutir. Isso faz parte da política”.

Além do antipetismo, Caiado fez um aceno e tanto ao eleitorado bolsonarista, ainda sem saber quem Jair Bolsonaro vai apoiar oficialmente no ano que vem. Agora interlocutor frequente de Bolsonaro, o governador goiano prometeu que seu primeiro ato caso chegue ao Palácio do Planalto será anistiar o ex-presidente e os condenados nos processos pelo 8 de Janeiro.

“Essas pessoas já estão presas há dois anos e seis meses. Foi um processo de vandalismo em todos aqueles órgãos do governo. Destruiu a sede dos poderes constituídos. Com uma certa omissão também das pessoas que estavam no comando do país”, afirmou.

Para Caiado, não tinha como o governo Lula não saber o que se passaria naquele 8 de Janeiro de 2023 em Brasília, já que o presidente havia tomado posse oito dias antes. “Eu não admito a baderna. Mas também não dá mais para você imaginar que você está há oito dias no poder e, de repente, acontece um fato que você não sabe nada”.

Questionado se, ao se comprometer com uma anistia ou indulto a Bolsonaro, Caiado não estaria minimizando o ataque à democracia, ele respondeu que se trata de uma questão de “estilo”: “Eu tenho o meu. Eu não preciso reproduzir a história de ninguém”. “Então, eu governo, mas também tento dizer que se continuar levando o Brasil na situação que está, cada vez mais vai alimentar essa situação de um contra o outro”.

Enquanto pende a um discurso de pacificação por meio de uma anistia a golpistas, o pré-candidato à Presidência avalia que o Brasil vive atualmente “um processo de desorganização institucional completa” em áreas como como educação, economia, desenvolvimento e segurança pública. “Não tem Estado Democrático de Direito. Você entra na Amazônia brasileira? Não. Você entra nos bairros de Salvador, do Rio Grande do Norte, do Ceará? Não. Quer dizer, nós estamos com casos gravíssimos, verdadeiras fraturas expostas”.