O lançamento na terça-feira, 29, da federação partidária formada por União Brasil e PP deu visibilidade esta semana a um amplo campo político adversário do Planalto. Majoritariamente, os grupos dirigentes da nova agremiação estiveram alinhados com Jair Bolsonaro no governo nas eleições de 2022. Agora, tentam organizar o ataque contra o terceiro mandato de Lula.

Com o ex-presidente inelegível - e com poucas perspectivas de que alguma anistia o beneficie -, esses segmentos da oposição tentam afunilar alianças para 2026. Pré-candidato declarado, o governador Ronaldo Caiado (União) apareceu com destaque nas fotos do lançamento da federação, mas ainda terá de provar que sua liderança vai além de Goiás.

Sem Bolsonaro no páreo, antigos aliados trabalham para definir um candidato competitivo contra Lula, ou alguém que ele indique.O nome mais badalado é Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro. Não há certeza, porém, se o governador de São Paulo deixará de concorrer à reeleição para encarar um páreo pelo Planalto.

No início da semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse que, se Tarcísio for candidato a presidente, a centro-direita não terá outro nome. Mas ponderou que Lula se mantém forte para a reeleição.

Mesmo sem conclusão sobre o futuro concorrente contra o governo, a oposição ganhou impulso na semana passada com novas revelações sobre as fraudes contra aposentados do INSS. Com o ministro da Previdência, Carlos Lupi, sob os holofotes, o governo ficou na defensiva para tentar explicar a demora em interromper os descontos ilegais.

No flanco mais avançado, a oposição conseguiu 185 assinaturas para tentar instalar uma CPI sobre as fraudes no INSS. Com ou sem comissão, esse assunto vai permanecer vivo até as eleições de 2026.

Lupi fica na corda bamba, Planalto nomeia novo presidente do INSS
Enquanto Carlos Lupi tenta explicar a demora em agir contra as fraudes, Lula decidiu nomear o procurador federal Gilberto Waller Júnior para presidente do INSS. Assume o cargo com a missão de estancar a crise que atingiu o governo com a revelação de descontos ilegais bilionários nas aposentadorias.

Lupi não participou da escolha de Waller Júnior. Pelo tamanho do escândalo, o ministro, líder do PDT, balança no cargo e se tornou um problema para o governo. Sua demissão, no entanto, teria repercussões negativas: o partido ameaça deixar a base do Planalto no Congresso se perder o cargo na Esplanada. Esse é um problema político para Lula, que não gostaria de perder votos no Legislativo nem um partido aliado para 2026.

O escândalo do INSS contribuiu para mais um feriado do Dia do Trabalhador negativo para Lula. No ano passado, o presidente reclamou do público reduzido em um evento em São Paulo. Este ano, debaixo de críticas da oposição e dos aposentados, o petista não participou de atos públicos. Limitou-se a fazer um pronunciamento no rádio e na televisão.

CCJ rejeita recurso e caso de Glauber Braga vai ao plenário
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara rejeitou na terça-feira, 29, um recurso que tentava impedir o avanço do processo de cassação contra o deputado Glauber Braga (PSol-RJ). O caso será decidido no plenário.

Glauber é acusado de quebra do decoro parlamentar por ter chutado um manifestante que o ofendeu no Congresso. Em sua defesa, o deputado afirma sofrer perseguição política por parte do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em abril, o parlamentar conseguiu a prorrogação do processo por 60 dias depois de ter feito greve de fome de mais de uma semana.

Sóstenes decide não responder a intimação de Flávio Dino
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (RJ), enviou ofício ao STF nesta quinta-feira, 1, para informar que não vai responder à intimação do ministro Flávio Dino sobre um possível acordo realizado pela cúpula da Câmara em torno da distribuição de emendas parlamentares.

Dino intimou Sóstenes por suas declarações de que existe um pacto firmado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que os partidos que presidem as comissões fiquem com 30% das verbas das emendas, e o restante seria destinado às outras legendas.

Sóstenes justificou a decisão de não responder à intimação com as prerrogativas parlamentares asseguradas pela Constituição.