Com discursos marcados pela ideia de que esta quarta-feira, 1°, foi um “dia histórico”, a Câmara aprovou por unanimidade, com 493 votos, o projeto que isenta de Imposto de Renda pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês. Todas as bancadas orientaram pelo voto favorável. A proposta, considerada uma das principais bandeiras do governo Lula, prevê compensação com taxação sobre os mais ricos.
Surpreendente, o resultado unânime revela a estratégia do Congresso de se associar ao texto para não deixar o governo sozinho com uma medida que tem forte apelo eleitoral. O projeto segue agora para o Senado e, se aprovado, entra em vigor em 1º de janeiro de 2026.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a votação como um marco. “Este é um momento importante da nossa história. Um passo firme para um Brasil mais justo, mais digno e mais equilibrado. Que essa aprovação seja lembrada como uma conquista coletiva, como um gesto concreto de que a Câmara sabe ouvir, sabe decidir e sabe estar ao lado do Brasil”, afirmou.
Relator do projeto, Arthur Lira (PP-AL), principal responsável pela condução das negociações com os líderes, destacou o consenso construído entre os partidos. “É uma noite que a gente vai ter que comemorar e lembrar para que a gente leve para outros temas. A capacidade que a Câmara inventa, se reinventa, de conseguir construir maiorias esmagadoras, com algumas exceções, e unanimidade como a de hoje. A gente espera, sim, que agora o projeto tramite no Senado e cumpra a sua função”, disse.
Na base governista, o deputado Odair Cunha (PT-MG) ressaltou que a aprovação consolida uma promessa de campanha. “É um compromisso do presidente Lula que está se consolidando. O governo federal apresentou projetos todos os anos para reajustar a faixa de isenção do Imposto de Renda, e agora projeta para o último ano do mandato uma vitória muito relevante, na medida em que entrega um compromisso feito ainda no programa de governo”, afirmou.
Mesmo com críticas, a oposição também apoiou o texto. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), acusou o governo de usar a medida com fins eleitorais, mas disse que a bancada votaria favoravelmente. “Esse governo que aí está quer maquiar um ano antes da eleição. Mas nós brasileiros sabemos que é um governo que não tem responsabilidade fiscal. Vamos votar porque temos responsabilidade, mas não deixaremos de subir à tribuna e denunciar”, declarou.
Antes da votação, Lira costurou acordo para rejeitar emendas e destaques que poderiam ampliar ainda mais a faixa de isenção ou eliminar a compensação fiscal, evitando alterações no texto-base.