Quase cinco anos depois do lançamento oficial e de ter caído no gosto dos brasileiros, o Pix entrará numa nova fase após o ataque de hackers a instituições que operam com o sistema de pagamentos instantâneos. Segundo apurou o PlatôBR, a preocupação inicial do Banco Central era vencer a resistência e o domínio de mercado dos grandes bancos, garantir maior competitividade com a adesão de novos agentes e a digitalização de pagamentos no Brasil. Esse desafio foi considerado vencido e, agora, será feito um filtro entre as instituições que podem operar o sistema.
Hoje, são mais de 900 participantes cadastrados para oferecer Pix. A adesão considerada grande se justifica no interesse dos consumidores de serviços bancários. Atualmente, são mais de 858 milhões de chaves PIX ativas e, somente em 2024, foram realizadas 26 trilhões de transações, mais de cinco vezes o total registrado no primeiro ano de funcionamento.
Por isso mesmo o governo avalia que chegou a hora de apertar na fiscalização do sistema. As novas normas já divulgadas vão nessa linha, como o aumento de capital requerido para operar com o Pix e a exigência de apresentação de dados financeiros. Além disso, outras mudanças deverão ser anunciadas até o final do ano, conforme informou o PlatôBR.
A triagem se faz necessária porque ficou claro com o episódio do ataque à C&M – empresa que funciona como elo de conexão entre algumas instituições que oferece o Pix como forma de pagamento e o Banco Central – que muitos dos participantes do sistema não estão fazendo o dever de casa como deveriam.
Nem todos os integrantes do sistema Pix são instituições financeiras ou instituições de pagamento, que operam sob supervisão direta do BC. A inclusão de empresas não reguladas pelo Banco Central foi proposital, já que a regra na largada era “quanto mais integrantes, melhor”.
Agora, o foco é retirar da sala os “maus alunos”. Por isso, o BC quer que todos os participantes do sistema Pix sejam instituições autorizadas a funcionar pela autoridade monetária. Desde o início de 2025, somente instituições que estão pela supervisão do BC podem pedir para integrar o sistema Pix. Quem já estava operando com o sistema de pagamentos instantâneos, mas não depende de autorização do BC para funcionar, terá que se submeter ao aval dos técnicos do órgão para continuar oferecendo o serviço. O prazo para pedir autorização começou este ano e terminará no final de 2026 variando de acordo com a data em que a instituição começou a operar o Pix.
Com isso, o governo avalia que o BC “está subindo o sarrafo” e quem não for aprovado estará fora do sistema. O episódio da C&M, acredita-se, dará ainda mais insumos para melhorar esse processo e para que a estrutura esteja preparada para uma próxima tentativa de ataque. Afinal, se há uma certeza no governo, é que novas tentativas ocorrerão. Por isso, argumenta-se que o aprimoramento de mecanismos de segurança é algo contínuo e faz parte do dia a dia do mercado financeiro.